Cuidar da produção de novos rótulos deixou de ser uma prioridade na cervejaria Pravda. Localizada em Lviv, perto da fronteira ucraniana com a Polônia, a fábrica trocou há algumas semanas os novos rótulos pela fabricação de coquetel molotov, em um esforço para conter a ofensiva do Exército russo na cidade.
Apesar de se apresentar como "artesanal" e de focar em receitas de estilos mais variados, a Pravda cresceu bastante desde sua abertura, em 2014, e já tinha produção em escala industrial, superior a 1,5 milhão de litros por ano antes de a Rússia levar a guerra para dentro do país.
"Brassar [uma cerveja] agora —como ter um filho ou se casar— é esperança", postou recentemente a cervejaria ucraniana, que também liberou algumas de suas receitas para que outras fábricas do mundo pudessem reproduzi-las —normalmente, cervejarias guardam suas receitas como segredo de estado, liberá-las na íntegra é algo raro.
A mensagem sensibilizou o pessoal da Trilha, de Perdizes (região oeste de São Paulo), que acabou de reproduzir um dos rótulos mais populares da Pravda, a Putin Huylo, uma golden ale com 8% de teor alcoólico.
O nome da cerveja faz uma chacota com o nome do presidente russo, claro. Algo que em inglês seria como um "Putin Dickhead", ou "Putin idiota", em tradução mais suave. "Como cervejaria, entendemos que nosso papel precisa ser muito maior do que o de produzir e vender cerveja. Momentos difíceis nos despertam ainda mais para o grande privilégio que é fazer cerveja. Que as turmas da Pravda e de todas as cervejarias ucranianas em breve possam brassar com alegria de novo. Que todo o país reencontre a paz", postou a Trilha, ao lado de sua reprodução da Putin Huylo.
A cerveja está disponível no taproom da Trilha (r. Apinajés, 137, Perdizes) e no ecommerce online (loja.trilhacervejaria.com.br), em garrafa de 500 ml, por R$ 30. Veja mais informações também no perfil da cervejaria no Instagram (@trilhacervejaria). Todo o valor arrecadado com a Putin Huylo será enviado para a cervejaria ucraniana.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.