Cozinha Bruta

Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau)

Será que o Mercadão de SP deixará de ser uma armadilha para turistas?

Punição a comerciantes que aplicavam o "golpe da fruta" pode ajudar a transformar o mercado num programa bacana

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São Paulo

Aconteceu algo inédito no Mercado Municipal de São Paulo, aquela arapuca para turistas conhecida por Mercadão.

A empresa concessionária do mercado decidiu punir dez comerciantes que aplicavam o "golpe da fruta", algo que ocorre desde sempre no prédio projetado por Ramos de Azevedo às margens do Tamanduateí.

Todos que já visitaram o Mercadão foram abordados por vendedores oferecendo provas de algum tipo de fruta –uma vez, queriam me dar uma tâmara recheada com morango, que eles batizaram de "chocolate natural".

Puro engodo. Uma vez atraída a vítima, os comerciantes atuam em grupo para atordoá-la e fazê-la pagar algumas centenas de reais por frutas nada mais que ordinárias.

Banca de frutas. Frutas à venda no Mercado Municipal de São Paulo, o Mercadão
Frutas à venda no Mercado Municipal de São Paulo, o Mercadão - Rubens Cavallari/Folhapress

Essa abordagem pilantra é o pior do Mercadão –de muitas formas um programa ótimo para compras e diversão, mas que se torna um show de horrores pelo comportamento invasivo dos barraqueiros.

Na pandemia, desrespeitando qualquer protocolo sanitário, eles chegavam (quando fui, não sei se ainda persiste) com a máscara abaixada, gritando na sua cara e logicamente cuspindo na comida oferecida.

É algo que ocorre principalmente no setor das frutarias, mas também contamina alguns empórios de secos e molhados. Não que lá haja golpe, o que há é a insistência e a ânsia de concluir a compra velozmente, antes que o cliente possa fazer contas e refletir.

O assédio se dá quase sempre na rua Principal, passeio mais largo do mercado. E mancha, por tabela, a reputação de ótimos estabelecimentos do Mercadão: peixarias, açougues e lojas de queijo.

A atitude de multar os golpistas, se prosseguir e inibir o comportamento selvagem, pode ser um passo para transformar o Mercado Municipal num lugar civilizado e bacana.

Outras coisas estão em curso, e só nos resta esperar para ver o resultado. Tem a Vila Santan, que trará carnes e aves de qualidade diretamente do oeste do Paraná. Tem uma cevicheria peruana, que já está em operação e parece ser boa (preciso provar).

O desafio dos concessionários é fazer o Mercadão deixar de seu uma arapuca, uma armadilha, uma roubada, uma cilada para turistas.

E sem cair na besteira de criar algo ultra elitizado, com pouca personalidade, como aquilo em que se transformou o Mercado de Pinheiros.

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