Fui ao supermercado e, já na entrada, uma enorme placa anunciava um novo produto: sucrilhos, igual mas diferente.
A versão reformulada tem, segundo o fabricante, 60% menos açúcar. Sessenta por cento, gente. Não é pouca coisa.
Aí abro o site da Folha e leio a seguinte notícia: "Brasileiro se assusta com alto teor de açúcar, gordura e sal na comida após nova rotulagem".
Pelo jeito, não só o consumidor ficou assustado. A indústria alimentícia também está em ligeiro pânico com as novas regras de rotulagem, implementadas gradualmente desde o ano passado.
A lei exige um aviso deveras exibido, em forma de lupa, que dedura os produtos exagerados em sal, açúcar e gorduras saturadas.
A pesquisa citada na matéria aponta que 46% das pessoas que notaram os avisos (56% do total) desistiram da compra ou vão reduzir o consumo desses artigos.
O movimento pode ter derrubado a venda de alguns ultraprocessados. Os cereais matinais, categoria dos sucrilhos, tiveram a maior queda: 5,9%, num levantamento que compara o período de outubro de 2023 a janeiro de 2024 com o mesmo intervalo no ano anterior.
Além dos Sucrilhos Kellog’s, o açúcar também foi reduzido em 60% no cereal Nescau, da Nestlé. As versões originais continuam à venda: nos sucrilhos, o açúcar corresponde a 40% da massa total; no Nescau, são 30%.
Segundo a reportagem, a Danone também se esquivou da lupa ao diminuir o açúcar da sobremesa láctea Danette.
A reação dos fabricantes atesta que a mudança na rotulagem está atingindo seu objetivo: forçar a indústria a oferecer produtos menos insalubres para não perder dinheiro.
Golaço do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que se engajou na pressão para mudar a legislação das embalagens –coisa que os gigantes do setor alimentício, obviamente, não queriam fazer.
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