Cozinha Bruta

Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau)

Descrição de chapéu alimentação

Qual o valor da data de validade da comida?

Vencimento precisa ser seguido pelo comércio; em casa, valem também o bom senso e a confiança no próprio nariz

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São Paulo

Responda sinceramente: você sempre joga fora a comida quando vê que já passou a data de validade?

Se a resposta foi "sim, claro, ou você acha que eu sou porco?", você deve repensar essa posição.

Nos Estados Unidos, há um forte debate sobre a necessidade de se criar uma legislação mais inteligente para rotular alimentos, no que diz respeito ao prazo seguro de consumo.

Sal grosso (HCl) com dois anos de validade
Sal grosso (HCl) com dois anos de validade, à venda em São Paulo: não contém glúten - Marcos Nogueira

Segundo uma reportagem do site Business Insider, todo ano são desperdiçadas pelos americanos 5 milhões de toneladas de comida que acabam no lixo por excesso de cautela.

Isso, de acordo com o texto, resulta num gasto médio anual de US$ 1500 por família. Grana que vai direto da conta bancária para o aterro sanitário.

É evidente que cada país tem suas peculiaridades, em especial quando se trata de legislação. Nos EUA, há cerca de 60 tipos diferentes de rotulagens para a validade da comida.

Uma confusão dos diabos. Na maioria das vezes, a validade não é assertiva quanto a descartar o alimento na tal data.

As embalagens americanas costumam trazer a expressão "best before" ("melhor antes de"), seguida do dia do vencimento. Não fica claro se é seguro ou não arriscar meter pra dentro a comida depois disso.

Naturalmente, a maioria das pessoas acha melhor fazer o que é melhor. E lá se vai um rango quase perfeitamente bom para o lixo.

No Brasil, a palavra da etiqueta é quase sempre "validade". Ou seja: passou do prazo, está inválido.

Certamente essas datas não são definidas no chute. Há profissionais altamente competentes por trás do cálculo do risco sanitário.

A data de validade existe para ser respeitada pelo comércio. Não defendo em hipótese alguma o relaxamento da observância dessa norma por supermercados e afins. Expirou, perdeu.

Uma vez na sua casa a comida, há de se agir com bom senso.

Porque a lei precisa generalizar. Põe vencimento em sal e açúcar, coisas que duram uma eternidade. Coloca no mesmo balaio alimentos que estragam e outros que só ficam menos gostosos ou nutritivos.

Se não for assim, vira a algaravia que é a rotulagem gringa.

Porque os prazos levam em conta condições de transporte e armazenamento aquém das ideais. E ainda incluem uma margem extra de segurança na data de validade.

Pegue o caso do ovo. O prazo carimbado na bandeja se refere a ovos armazenados em temperatura ambiente, em qualquer estação do ano e em qualquer região do país.

Só que ovo carioca de verão apodrece mais rápido do que o ovo invernal de Campos do Jordão. E ainda mais velozmente do que um ovo guardado na geladeira.

Mais do que tudo, treine e confie nos seus sentidos, no olfato em especial. Cheire o leite aberto há cinco dias, mas que ainda não azedou. Cheire tudo antes de comer ou cozinhar.

Se a validade expirada não é uma sentença de lixo para o alimento, o contrário também pode acontecer. Já cansei de me livrar de carne dentro da validade, mas que empesteou a casa de odor putrefato quando tirei da embalagem.

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