Cozinha Bruta

Comida de verdade, receitas e papo sobre gastronomia com humor (bom e mau)

Cobrar pizza meio a meio pelo sabor mais caro é imoral

Não existe motivo defensável para a tunga que muitas pizzarias aplicam nos clientes

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Descobri, aqui nos arredores, um lugar que já apelidei de "a melhor pizzaria ruim do bairro".

É um desses estabelecimentos com cara de boteco, mas que assa pizzas nada pretensiosas e, muito importante, baratas.

Não é toda noite que você vai se dispor a pagar por uma pizza de grife. Tem noite em que você só não quer ir para a cama com fome, então o mais ou menos já está muito bom.

Pizza meia presunto cru, meia pesto com tomatinhos
Pizzas de dois sabores devem ser cobradas pela média dos preços - Felipe Gabriel/Folhapress

E o mais ou menos da melhor pizzaria ruim do meu bairro está bem acima da média dos mais ou menos.

A massa não é grande coisa, mas tampouco é um tijolo que nos dá pesadelos madrugada adentro. O queijo é bom, algo que tem muito valor. Já comi queijos bem piores em pizzas com pedigree.

Uma pizza básica custa cerca de R$ 45, metade do valor cobrado nos principados da zona oeste paulistana.

Mas isso é só para dois sabores: muçarela e napolitana, que lá é uma muçarela com rodelas de tomate e parmesão ralado.

Botou umas folhinhas de manjericão para virar marguerita, o preço já aumenta em 5 reis. Pepperoni custa R$ 75.

Mas aí rola que pepperoni é o sabor predileto do meu filho Então vamos lá: meia napolitana, meia pepperoni. Fecho a conta, Valor a pagar: R$ 75. Trinta mil réis a mais por meia dúzia de rodelas finas de salame marotamente salpicadas sobre metade da pizza.

Tem algo muito errado aí.

É imoral cobrar uma pizza meio a meio pelo sabor mais caro. Não existe motivo defensável para fazê-lo.

Não aumenta o trabalho do pizzaiolo. Não atrapalha o fluxo. Não é mais custoso para o estabelecimento.

Pizzarias são, dentre as operações de alimentação, uma das mais eficientes. Trabalha quase apenas com itens pouco perecíveis, um só tipo de comida, margem alta de lucro, desperdício mínimo.

Precificar a pizza pela média aritmética dos dois valores é um cálculo ridiculamente fácil. Se não fosse, as máquinas estão aí para resolver esse tipo de situação.

Alguns Procons, como o do Amazonas e o do Ceará, consideraram a prática abusiva. O Procon de São Paulo pensa diferente, então aqui é liberado tungar o cliente.

Não vou contar qual é a melhor pizzaria ruim e ladra do meu bairro porque pretendo continuar cliente, apesar de me sentir lesado e ultrajado.

A tal da pizza napolitana é boa e barata e, muquirana que sou, vou passar a turbiná-la com o pepperoni que tenho na geladeira.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.