De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
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Afinal, previdência privada vale a pena?

Dois fatores justificam investidores milionários aplicarem nestes produtos

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Semestralmente, eu faço um exame de sangue daqueles que parecem uma doação de sangue, ou seja, completo. No último, minha médica, Dra Ingrid Serafim perguntou: com qual frequência você come carne vermelha? Eu como com baixa frequência, por isso, um dos indicadores no exame mostrava a deficiência de algumas vitaminas presentes na carne vermelha. Eu voltei com a pergunta: mas, comer carne vermelha não é ruim?

Dois fatores justificam investidores milionários aplicarem nestes produtos. REUTERS/Brendan McDermid ORG XMIT: PPP - NYK519 - REUTERS

Não vou entrar nos detalhes nutricionais, pois não sou especialista nisso, mas apenas quero fazer a analogia sobre a orientação. Sem dúvida, o excesso de carne vermelha é ruim. Também, há cortes de carne que não são adequados se comer com frequência. Mas, se não comer carne vermelha vai faltar algo para seu corpo e você vai ter de suprir de outra forma.

O mesmo ocorre com a previdência privada. Ninguém precisa necessariamente ter previdência privada, assim como você também não precisa comer carne vermelha. Assim como muito investimento em previdência pode ser ruim, não ter nada pode deixar você sem alguns benefícios.

Vejo alguns falando mal do produto, mas, pode ter certeza, quem fala mal desconhece os benefícios.

Antes de falar dos dois principais benefícios, vamos começar com o que não faz muito sentido. Neste caso, há três situações críticas e que precisam ser ponderadas:
I) Se você acredita que a possibilidade de você falecer nos próximos 10 anos é baixa, você não deve ter grande participação de seus investimentos em previdência privada. Assim, caso você possua muita exposição de seus investimentos em previdência privada, uma análise deve ser feita para avaliar se faz sentido reduzir;
II) Se você aplica no mesmo plano de previdência privada por mais de 6 anos e ele é de renda fixa, corra para avaliar a portabilidade para outro. Possivelmente, você tem um plano caro;
III) Se seu fundo de previdência privada é de renda fixa simples, referenciada ao CDI e possui taxa de administração maior 1% ao ano, você deve avaliar se realmente o retorno não está abaixo do CDI há muitos anos e, portanto, uma portabilidade deve ser considerada;

Então, para quem um plano de previdência privada pode ser útil?

Eu tenho 15% de meus recursos em planos de previdência privada. Tenho 49 anos e por mais de 20 anos, ganhei salário como qualquer trabalhador CLT.

A aplicação em plano do tipo PGBL para mim trouxe dois benefícios:
1) me fez economizar muito imposto e ainda faz até hoje, pois adiou o pagamento no passado, vou pagar apenas 10% de IR no futuro em vez de 15% nas aplicações tradicionais, não há come cotas, nem qualquer pagamento de IR até que eu saque. Sem dúvida foi muito bom ter investido.
2) O veículo de previdência é extraordinário em sucessão patrimonial. Não sou mais tão jovem. Caso algo ocorra comigo, esta parte de meu patrimônio já vai para os herdeiros não passando por inventário, ou seja, reduzindo custos e burocracia. Estes 15% facilitarão o processo de inventário do restante do patrimônio. Atualmente, no Brasil dificilmente você irá pagar menos de 5% do patrimônio no inventário, pois só de ITCMD já vai pelo menos 4% e em alguns estados 8% do patrimônio.

Estas são as duas justificativas para se ter previdência privada: economia de IR, ou seja, planejamento fiscal e sucessão. Tanto produtos do tipo PGBL, quanto VGBL teriam estas vantagens, mas os do tipo PGBL só devem ser usados para quem faz a declaração de imposto pelo modelo completo e dentro do limite de 12% da renda bruta tributável.

Se você não se preocupa com nenhuma destas duas razões, então, previdência privada não é para você.

Sempre digo que se os milionários fazem algo, isto deve ter algum fundamento. Afinal, eles não chegaram lá desperdiçando oportunidades.

Os milionários ou possuem a estrutura de fundo exclusivo ou possuem previdências privadas, quando não possuem os dois produtos para usufruir de benefícios como os que citei acima. Todos eles se preocupam em pagar menos IR e com sucessão de seus bens.

Entretanto, eles não aplicam em qualquer produto de previdência.

Portanto, sim, vale a pena ter previdência privada, mas não qualquer uma. Como qualquer investimento, escolher bem o produto é tão importante quanto decidir pelo produto.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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