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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros

Entenda por que selecionar o horizonte de investimento é tão importante para investir em renda fixa

Não atentar ao horizonte de investimento pode gerar frustração com o retorno no curto ou no longo prazo

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Ao investir em renda fixa, se não atentarmos adequadamente ao horizonte de investimento, vamos acabar nos frustrando no curto ou no longo prazo. Ainda pior, pode levar a decisões erradas quando o recomendado seria a paciência em esperar. Explico a razão e qual indexador deve apresentar melhor resultado em cada período.

Não atentar ao horizonte de investimento pode gerar frustração com o retorno no curto ou no longo prazo. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Usualmente, quando pensamos em investir em renda fixa, queremos ganhar do CDI em todos os meses.

Isso é possível, mas pode ser ineficiente.

A única forma de se ganhar do CDI em todo e qualquer período é investindo apenas neste indexador. Entretanto, quando se faz isso, perde-se a oportunidade de se ganhar mais no médio e longo prazo.

Daí a importância de se estabelecer bem o horizonte de investimento.

O horizonte de investimento é o tempo em que se espera que os recursos sejam resgatados para utilização em alguma outra finalidade.

O horizonte pode não ser único para a totalidade dos recursos. Por exemplo, uma parcela relevante, pode ter horizonte de mais de 10 anos e ter como objetivo cumprir com a reserva para aposentadoria.

Entretanto, uma parcela, pode estar para o curto prazo, ou seja, menos de dois anos e ter como finalidade, saldar compromissos neste prazo. Por exemplo, pode ser para o plano de uma viagem, compra de automóvel, curso de pós-graduação e outros.

Vou realizar a comparação apenas com títulos públicos, mas é importante entender que nos títulos privados, o raciocínio é o mesmo e é possível ter retornos mais elevados e isentos de IR.

Os títulos de renda fixa podem ser divididos em três categorias: pós-fixados, referenciados ao IPCA e prefixados.

Os pós-fixados são aqueles referenciados ao CDI e Selic. No caso dos títulos públicos, eles são referenciados à Selic. Ambos os indexadores, Selic e CDI têm o mesmo retorno.

Neste momento, a taxa Selic Diária está em 13,15% ao ano, mas é esperado que ela caia 0,5% em cada uma das próximas seis reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM). A próxima reunião será no próximo dia 21 de setembro. Em junho do próximo ano, a Selic deve estar em 10,0% ao ano e no final do ano 9,5% ao ano.

Mesmo com toda esta queda esperada, até o fim de 2024, um título que rende 100% do CDI deve render mais que um título que rende IPCA+5,23% ao ano. O título com essa taxa de retorno, é o Tesouro IPCA 2029, ou seja, referenciado ao IPCA.

Portanto, na marcação pela taxa de aquisição, o título referenciado ao CDI ou Selic deve render mais no curto prazo, ou seja, até o fim de 2024.

O resultado se inverte a partir de 2025. Talvez, você se pergunte: por que não ficar com tudo em CDI ou Selic até o fim de 2024 e depois trocar para o que vai dar mais?

Porque ao fim de 2024, quando a taxa Selic tiver caído para 9,5% ao ano ou menos, não haverá mais a mesma taxa referenciada ao IPCA para se investir. Ela será mais baixa.

Para o horizonte de 2029 que é o vencimento do título Tesouro IPCA, a expectativa é que o rendimento deste título seja de 118,5% da Selic. Portanto, melhor que o título referenciado a Selic. Entretanto, este prêmio ou ganho vem à custa de um retorno menor agora.

Ou seja, aquele que investe com horizonte de maior prazo, por exemplo de 2029, terá um retorno melhor se investir no título referenciado ao IPCA, mas deve se frustrar com a perda do CDI no curto prazo.

Já aquele que investe pensando no curto prazo, deve alocar na Selic, mas se for ficar investindo na Selic por mais tempo, por exemplo, até 2029, vai se frustrar por não ter aplicado melhor para todo prazo.

Nesta comparação, considerei o retorno na taxa de aquisição. Entretanto, na marcação a mercado, os títulos de longo prazo, tendem a antecipar e incorporar o ganho futuro na medida em que o cenário vai se efetivando.

Logo, sim, na marcação a mercado de títulos, é possível que o título referenciado ao IPCA que mencionei já antecipe para o próximo ano parte dos ganhos adicionais que teria entre 2025 e 2029. Mas, essa seria uma aposta de maior risco.

Portanto, pensando na marcação nas taxas atuais de aquisição, para o recurso que se deve usar em um prazo menor que 2 anos, a aplicação mais segura é um título referenciado ao CDI e Selic. Para maior prazo, o referenciado ao IPCA se sobressai.

E o prefixado? Esses títulos costumam ter um prêmio tanto na taxa real de juros quanto na inflação esperada. Por exemplo, a taxa do título público de 10,9% ao ano, deve resultar em um retorno em todo o período de 132% da Selic. Portanto, ainda melhor que os anteriores.

Entretanto, este título carrega o risco de um salto na inflação, que é comum no Brasil, podendo o tornar pior que o título referenciado ao IPCA.

Volto a ressaltar que os títulos privados carregam um prêmio sobre estas taxas. Por exemplo, é possível aplicar em CDB, com garantia do FGC e retorno de 115% do CDI com prazo de 2 anos. Assim como é possível aplicar em títulos privados com taxas prefixadas de 14% ao ano e IPCA+6,5% ao ano isento de IR.

Em todos os casos, o primeiro passo é definir qual parcela deixar para um horizonte de curto prazo e qual deve manter por maior prazo. Assim, pode ter um balanceamento mais eficiente por todo o período.

Entretanto, é importante entender que para ter um retorno maior no longo prazo, há de se pagar um preço de retorno menor no curto prazo.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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