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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu juros Selic

Entenda quando trocar seu fundo multimercado

A análise deve considerar outros fatores e não apenas o retorno de curto prazo

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A indústria de fundos multimercados nunca passou por um momento tão ruim quanto o atual. Os resultados decepcionantes levam investidores a angustiante decisão entre esperar ou resgatar. Assim, o que considerar nesta decisão?

Como qualquer investimento, a análise deve considerar outros fatores além do retorno de curto prazo. Michael M. Santiago/Getty Images/AFP (Photo by Michael M. Santiago / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP) - Getty Images via AFP

Na média, os fundos multimercados perdem do CDI nos últimos 12 meses. Em um ano fechado, o índice de fundos multimercados produzido pela Anbima, o IHFA, só perdeu para o CDI em 2 dos últimos 10 anos. Entretanto, tudo indica que este será o terceiro ano.

Mas, será que está na hora de sair? Para entender isso, vamos analisar quatro situações.

Para qualquer aplicação de risco, usualmente, existem quatro situações possíveis:
1 – Aquele que aplicou há muito tempo (mais de 2 anos) e carrega um bom ganho e só no curto prazo está sofrendo;
2 – Aquele que aplicou há pouco tempo (menos de 1 ano), mas está frustrado;
3 – Aquele que aplicou há muito tempo (mais de 2 anos) e nunca ficou satisfeito com o rendimento;
4 – Aquele que aplicou há muito ou pouco tempo e está satisfeito com o desempenho.

Vamos começar a análise pelo último caso.

Se você está na situação 4, não há problema algum e você deve manter seu investimento. Afinal, se está satisfeito, ele está adequado ao seu perfil. Óbvio que é sempre importante avaliar os investimentos para analisar se não há algo que possa melhorar ainda mais.

Caso você esteja na situação 3, sem dúvida você deve mudar. A mudança pode ser para outro produto na mesma classe de ativos ou reavaliar seu perfil de risco e eventualmente mudar para algo mais conservador. Lembro que as taxas de juros continuam muito favoráveis.

Os dois primeiros casos merecem mais atenção.

Os dois primeiros casos devem ser avaliados da mesma forma. Desconsidere se você ganhou no longo prazo. Isso não importa.

Muitos investidores condicionam sua decisão ao fato de já terem alguma "gordura" de ganho. Estes se comportam como se o fato de terem algum ganho os habilitasse a perder. Isso não faz sentido.

Então, vamos a análise da situação de perda nos últimos 12 meses.

O primeiro ponto a considerar é que todo produto de risco vai apresentar algum período desfavorável. Afinal, ele é um produto de risco justamente porque existe a chance de passar por quedas.

Logo, antes de tomar uma decisão de apenas mudar de gestor, é preciso avaliar se seu perfil de investidor é adequado ao risco corrido.

Lembre-se, não há nada de errado em ser conservador. Pelo contrário, com o nível de juros que ainda temos, ser conservador é muito interessante.

Se você tem perfil de investidor moderado ou agressivo, então a classe de fundos multimercado pode ser para você. Neste caso, devemos passar para a análise do produto.

Você deve avaliar três elementos:
1 – Analise se há alguma mudança de política de investimento ou de estrutura organizacional que justifique o desempenho. Caso tenha ocorrido, avalie se ela pode trazer consequências para a gestão e resultados. Se sim, troque o fundo;
2 – Avalie a qualidade da equipe de gestão e participe das reuniões periódicas com o gestor. Se seu gestor não presta contas periodicamente ou não está disponível por algum canal para explicações, troque o fundo. Também avalie a equipe como se você fosse contratá-la. Caso não haja uma equipe de ponta, troque o fundo, pois o resultado positivo no passado pode ter sido por sorte;
3 – Verifique se o gestor é experiente e o histórico do fundo que ele administra. Avalie esse histórico para entender como foi o desempenho em momentos similares, o que o gestor fez para reverter os resultados e quanto tempo em média levou. Entender o processo de decisão de investimento e risco é fundamental.

Parece difícil? Então, cobre de seu assessor de investimento este trabalho.

Resumindo, como qualquer investimento, o resgate deve ser avaliado não em função do resultado de curto prazo. Mas, em razão dos fundamentos sobre o que ocorreu e em comparação com outras alternativas.

Lembre-se de que trocar um fundo com desempenho ruim para um que teve bom desempenho, pode ser ainda pior. Sempre há um risco daquele gestor que está bem no curto prazo começar a apresentar resultado negativo.

Portanto, mais do que o retorno de curto prazo, a troca deve ser fundamentada pela qualidade da equipe de gestão e risco.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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