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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato

Como ganha um assessor de investimentos; entenda a polêmica entre taxa fixa e rebate

Aquele que explica como ganha não tem conflito

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Nem todo mundo precisa de um assessor de investimentos, mas todos deveriam ter um bom assessor. Parece estranho dizer que mesmo quem não precisa deveria ter, mas vou explicar a razão. A explicação passa pela forma de remuneração. Portanto, também vou abordar sobre o debate entre taxa fixa e rebate. Esse debate virou uma polêmica no mercado financeiro, mas esconde interesses.

Aquele que explica como ganha não tem conflito. REUTERS/Lucas Jackson/File Photo ORG XMIT: FW1 - REUTERS

Primeiro, vamos entender como ganha um assessor de investimentos. Antes, vou explicar o que você como cliente de instituições paga quando investe.

Quando você abre uma conta em qualquer corretora ou banco, tem acesso a uma gama de produtos. Todos os produtos têm alguma taxa envolvida. Ela pode ser uma taxa explícita, como a taxa de administração de um fundo, ou uma taxa implícita como o spread em um CDB.

Por exemplo, considere um fundo de renda fixa com taxa de administração de 0,5% sobre o patrimônio. Essa taxa é dividida (não de forma igual) entre o gestor do fundo e a instituição distribuidora.

Se você escolhe não ter o auxílio de um assessor, a taxa que você paga de 0,5% é a mesma e a instituição divide apenas com o gestor.

Se você tem um assessor, a parcela da taxa de 0,5% que antes ficava com apenas instituição financeira, agora é dividida com o assessor. Mas, ela não aumenta.

Usualmente, o assessor fica com 15% a 20% da taxa de administração.

No caso de um CDB ou qualquer outro título de renda fixa, não há uma taxa de administração, mas há um spread.

Por exemplo, considere que você investiu em um CDB com retorno de IPCA+7% ao ano. Você acha que não teve taxa, mas ela era implícita.

Neste caso, o CDB poderia ter sido emitido, por exemplo, a IPCA+7,3% ao ano e a instituição te revendeu a IPCA+7% ao ano. Assim, ela ganhou o spread de 0,3% ao ano. Se você tem um assessor, este spread que a corretora recebe é dividido entre a instituição e o assessor.

Portanto, você não paga a mais por ter um assessor que ganha por rebate.

Entretanto, você pode pagar a mais se em vez de ser cobrado por rebate como expliquei acima, você for cobrado por taxa fixa.

A taxa fixa é uma taxa cobrada por toda a carteira do investidor, independente do que ele aplica.

É óbvio que ganhar com taxa fixa é melhor para o assessor. Assim como, também é mais benéfico para o consultor de investimentos que usa o argumento de que, desta forma, não há conflito de interesse, para justificar esta forma de cobrança.

Se iludem aqueles que caem no discurso de que pagar uma taxa fixa retira todos os conflitos e, assim, é melhor. Melhor para quem?

Usualmente, a taxa fixa cobrada de pessoas físicas é igual ou superior a 0,5% ao ano.

Como o investidor médio brasileiro é um aplicador de renda fixa, essa taxa é muito superior aos rebates cobrados.

Isso quer dizer que é muito mais cômodo e vantajoso para assessores e consultores cobrarem uma taxa fixa. Esse assessor ou consultor monta uma carteira de CDBs e títulos de renda fixa, "senta em cima" e fica ganhando 0,5% para sempre sobre esta parcela.

O ganho médio de um assessor em títulos de renda fixa, quando recebe por rebate, é próximo ou menor que o equivalente a 0,15% ao ano. Às vezes, chega a 0,04% ao ano em títulos muito longos.

Nas carteiras de brasileiros, essa parcela aplicada em renda fixa costuma ser maior que 50% da carteira total. Logo, ganhar uma taxa fixa de 0,5% sobre ela é muito mais vantajoso.

O discurso de que assessores têm conflitos de interesse é a justificativa que leva muitos a pagarem mais para evitarem o risco de serem feitos de "bobos" ou enganados. Me parece um custo muito alto para evitar isso. Muito mais barato seria mudar para um bom assessor.

Saber escolher um bom assessor é o ponto fundamental, pois o bom assessor vai te mostrar as melhores alternativas, vai te explicar do cenário econômico, te livrar de armadilhas e de investir em aplicações de risco desnecessário e vai te trazer oportunidades que muitas vezes você como profissional ocupado não está atento.

Tenho como clientes gestores de fundos, analistas de mercado, professores de finança, profissionais de investment banking, dentre outros profissionais do mercado financeiro. Vários destes não precisam de mim. Mas, sei que consigo agregar a eles e eles sabem que isso não eleva o custo que eles pagam.

O que ninguém precisa, nem deveria ter é um mau assessor. Para isso, vou explicar em um próximo artigo como escolher um bom assessor.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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