De Grão em Grão

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De Grão em Grão - Michael Viriato
Michael Viriato
Descrição de chapéu Selic juros copom

Faz sentido um aposentado investir em ações?

No momento em que é possível travar um retorno que te salva a aposentadoria, qual o sentido em arriscar o que pode te faltar?

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No último domingo à noite, publiquei artigo nesta coluna comentando como um idoso deveria investir. Foi muito bom ver os comentários. Recebi também alguns e-mails. Alguns destes eram apenas de agradecimento. Outros divulgaram sua estratégia de investimento. Me chamou a atenção a estratégia de um indivíduo de mais de 70 anos que dizia ter 100% do patrimônio em ações. Um aposentado deveria investir em ações?

As taxas de juros atuais tornam o investimento de risco uma opção, mas não uma necessidade - Getty Images via AFP

No meio dos comentários alguns comentários sobre o investimento em ações pagadoras de dividendos e lucrativas.

Criar estratégias de ações com o passado é uma fábrica de sonhos milionários. Normalmente, quando muitos pensam em investir, olham para o resultado passado e avaliam estratégias que se tivessem empregado, teriam tido grande resultado.

Lógico que para criar estas estratégias, você escolhe as melhores ações. Entretanto, todos esquecem ou eliminam do passado as ações que deram errado. Afinal, você não investiria em uma ação para perder. Esse é o problema. Com dados passados é fácil, mas ninguém consegue selecionar apenas as vencedoras do futuro e descartar todas as perdedoras do futuro.

Só incautos ou ingênuos realmente acreditam que tudo o que foi bom há 10 anos, continuará sendo na próxima década. Se isso ocorresse, tudo seria muito simples no investimento em ações e não haveria incertezas.

Talvez você tenha tido sucesso e acertado bem na escolha de ações. Parabéns. Você é o sujeito na parte superior da média. Mas, como qualquer média, tem uma parte acima e outra abaixo. Afinal, a média é feita assim.

O problema é que a maioria perde da média. Com certeza, você já ouviu falar de estudos que mostram que mais de 70% dos gestores de fundos perdem dos seus índices de referência. Se pessoas mais bem informadas e com equipes perdem, imaginem as pessoas mal-informadas.

O IDIV seria uma boa média para medir como ações pagadoras de dividendos desempenharam. Reforço, os retornos que vou apresentar já consideram o ganho de dividendo e de capital.

Nos últimos 5, 10 e 15 anos, o retorno equivalente anual do IDIV foi de IPCA+5,2% ao ano, IPCA+4,1% ao ano e de IPCA+4,3% ao ano, respectivamente.

Lembrem-se, este resultado foi o alcançado pelas empresas com maior lucro e maiores pagadoras de dividendos da B3. A maioria dos investidores que investiram em empresas pagadoras de dividendos, tiveram resultado pior que este.

Muito cuidado com analogias com grandes investidores. Volto novamente a lembrar a questão da compreensão do que é a média. É por existirem alguns poucos investidores que alcançaram grandes fortunas que o número de pessoas abaixo da média é muito maior.

Não sou contra investidores aposentados investirem em ações. Acho que para o longo prazo, existem momentos favoráveis e que podem ser aproveitados.

Entretanto, quando se tem disponível títulos emitidos pelas mesmas empresas de capital aberto em bolsa rendendo IPCA+6% ano ou até mais e isentos de IR, por que, ter uma exposição grande em ações?

Vou além, até mesmo os títulos públicos podem garantir um fluxo de retorno constante de IPCA+5,8% ao ano pelos próximos 30 anos ou mais.

Qual o sentido de um investidor aposentado comprometer parte relevante de sua capacidade de geração de renda na aposentadoria para ter rendimento no longo prazo similar ao que se consegue em um título público?

No momento em que é possível travar um retorno que te salva a aposentadoria, qual o sentido em arriscar o que pode te faltar?

Em algum momento, as taxas de juros podem não ser mais tão favoráveis e correr risco deixa de ser uma opção e passa a ser uma necessidade. Entretanto, enquanto correr risco for uma opção, melhor se aproveitar do que é mais garantido.

Novamente, não sou contra aposentados terem parte de seus portfólios em risco. Óbvio que se seu patrimônio não é necessário para sua aposentadoria, você pode correr risco, pois sua renda não depende dele. Entretanto, para aqueles que dependem de renda gerada pelo patrimônio, os investimentos de risco, quando desejados, precisam ser realizados com muito cuidado e com um bom acompanhamento.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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