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Segurança paulista

Sucesso contra homicídio deve inspirar combate ao crime organizado e patrimonial

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Policiais militares de SP com as câmeras corporais utilizadas pela corporação - Bruno Santos/Folhapress

A diferença abissal das taxas de homicídios dolosos (com intenção) em São Paulo, se comparada aos demais entes federativos, tornou-se a principal bandeira da política de segurança pública do estado. Nos últimos 22 anos, registrou-se em terras paulistas a redução em mais de 80% dos assassinatos.

Segundo levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, São Paulo manteve em 2021 a menor incidência proporcional do país: 7,9 casos por 100 mil habitantes. A efeito de exemplo, no Rio de Janeiro essa taxa é mais que o triplo (27,2) —e o campeão, Amapá, atinge níveis estratosféricos (53,8).

É razoável, portanto, atribuir parte dos louros aos sucessivos governos do PSDB, partido à frente do estado por 28 anos. Entretanto foi também sob gestões tucanas que, ao longo das últimas décadas, um então pequeno grupo de presidiários estabeleceu uma organização criminosa sem precedentes.

Com conexões em todo o país e até no exterior, o infame Primeiro Comando da Capital controla hoje boa parte do tráfico de drogas, das unidades prisionais e dos crimes patrimoniais de vulto, além de estender seus tentáculos para negócios legais, como empresas de ônibus e postos de gasolina, com o propósito de lavar dinheiro.

Nesse contexto de consolidação do crime organizado, caberá ao futuro governador, seja ele qual for, enfrentar prática delituosa especializada, também sob influência do PCC e que se alastra rapidamente, sobretudo nas grandes cidades.

Trata-se de furtos e roubos sistemáticos de aparelhos celulares e, não raro, o consequente esvaziamento de contas bancárias por meio de transferências via Pix.

São temerários também o pesadelo sem fim da cracolândia, agora pulverizada pela capital após sucessivas ações de contenção com efeito prático ainda incerto, e as cenas de terror protagonizadas pelo chamado "novo cangaço" —quando criminosos explodem agências bancárias, fecham estradas e rendem moradores no interior.

Vistas com reservas por alguns candidatos, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), a despeito de queda acentuada da letalidade policial e de mortes de agentes em serviço, as câmeras corporais devem ser ampliadas com celeridade.

Por fim, espera-se do próximo governo paulista mais investimentos em tecnologia, inteligência e prevenção; controle da circulação de armas; articulação concreta entre as polícias Civil e Militar; capacitação, ampliação e valorização dos profissionais de segurança pública.

A exemplo do que fez nos homicídios, São Paulo pode avançar mais.

editoriais@grupofolha.com.br

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