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É Logo Ali - Luiza Pastor
Luiza Pastor
Descrição de chapéu escalada

Brasileiro disputa reality show de escalada produzido por Jason Momoa e Chris Sharma

'The climb', na HBO Max, leva 10 escaladores a algumas das paredes mais difíceis do planeta

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Em tempos de BBB invadindo suas redes sociais, um reality show bem diferente está sendo exibido pelo canal de streaming HBO Max com repercussão inesperada para um país onde esse negócio de subir pelas paredes não é exatamente o esporte mais popular. Trata-se de "The climb" ("A escalada"), produzida pelo ator Jason Momoa (sim, Aquaman em pessoa e cordas) e o escalador Chris Sharma, um dos nomes mais importantes do universo dos paredões do planeta.

O roteiro segue a linha de todo reality que se preza, com 10 escaladores não profissionais disputando um prêmio de US$ 100 mil mais um ano de patrocínio da fabricante de vestuário esportivo prAna, enquanto a edição expõe os pequenos ou grandes dramas pessoais de cada um. E, embora a maioria seja dos Estados Unidos, maior mercado da HBO, e uns poucos do Reino Unido, a série inclui até um brasileiro para representar o minúsculo universo dos escaladores nacionais —o geólogo curitibano André Braga, o Deco, de 30 anos.

André Braga (Deco) no reality show The climb, da HBO Max - José Sarmento Matos/ HBO/ Divulgação

Sem dar spoilers, vamos deixar de lado o resultado final da disputa, que estará no ar a partir desta quinta-feira (26). Mas o blog conversou com Deco, que foi mostrado no primeiro episódio como o bad boy do grupo, quando desistiu de seguir subindo por um paredão encharcado da ilha de Mallorca, na Espanha, ao saber que sua passagem para a próxima etapa estava assegurada porque outros dois competidores haviam ficado pelo caminho em pontos abaixo de onde ele já estava.

"Foi uma decisão estratégica para o primeiro episódio, porque depois que sete competidores já haviam subido e a chuva havia apertado, ficou muito perigoso insistir em chegar ao alto, era uma subida de 27 metros que podia terminar, se caísse, como era provável com a pedra totalmente molhada, em algum dano sério", explica Deco, acrescentando que estava lá "não para competir, mas para me divertir". Sua decisão o fez ouvir, diante das câmeras e de todo o grupo, que seu ídolo Sharma estava desapontado com a decisão, mas ele garante que conversas posteriores ao que apareceu na tela dirimiram todo o mal-estar.

André Braga (Deco) escala no reality show The climb, da HBO Max - José Sarmento Matos/ HBO/ Divulgação

"Acho que havia uma intenção por parte da produção e do próprio Sharma de criar uma tensão de mais competição dentro do grupo, mas na verdade acabamos nos tornando uma família, torcíamos todos por todos", lembra Deco, que em momentos posteriores recebeu vários elogios do próprio Sharma.

Escalador desde os 14 anos, Deco foi parar no programa ao ver o anúncio de casting publicado pela HBO Max no Blog de Escalada, site especializado no esporte. "Eu já havia participado de outros castings para reality shows, não de escalada, mas de outros assuntos, e me inscrevi", lembra ele. Foram meses de trocas de mensagens, entrevistas, idas e voltas, até que finalmente foi chamado para o exame médico e psicológico que acabaria levando-o para o grupo no final do ano passado.

"Não faço a menor ideia de por que fui escolhido, acho que porque eles buscavam diversidade", avalia Deco sobre sua seleção. E o grupo efetivamente revela essa pegada: nele há negros, brancos, uma mulher escocesa de 53 anos, um estudante de medicina branco de 22 anos, um homem trans, uma brasileira que foi aos 17 anos para os Estados Unidos com a mãe faxineira —e Deco, "branco, hétero e cis", como se define.

Os 10 participantes do reality show The climb, da HBO Max - José Sarmento Matos/ HBO/ Divulgação

Independentemente do resultado (sem spoilers, lembram?), Deco celebra o fato de o reality estar entre os mais vistos do canal no Brasil nas últimas semanas, "e mencionado até por gente que vem falar que está vendo, apesar de não ter a menor intimidade com escalada, nem nunca ter pensado em praticar o esporte". Para ele, que mantém com dois amigos, desde 2019, a empresa Fábrica de Formas, que desenvolve projetos de paredes de escaladas com diversos níveis de dificuldade, o principal triunfo de sua participação no programa é justamente atrair a atenção para a atividade e desmistificá-la. Com sorte, torcer para que, com o tempo, o esporte se torne mais popular por aqui.

"No Brasil, o preço dos equipamentos torna a escalada uma atividade elitista, sem dúvida, mas nossa intenção é tentar popularizá-la ao máximo, levando as paredes, que exigem menos equipamentos caros, para escolas, condomínios e comunidades, envolvendo crianças com o esporte", conta. Ele acrescenta que está organizando junto à escaladora Aretha Duarte, primeira mulher negra latino-americana, ex-catadora de latinhas, a chegar ao topo do Everest, para desenvolver um programa de divulgação da escalada junto a grupos mais carentes. "Já recebemos até ajuda de alguns dos colegas do reality que já têm patrocínio, e que doaram sapatilhas para nossas crianças", afirma ele, que aposta na prática como "uma intensa forma de levar transformação socioambiental" a lugares onde nem sempre ela está presente.

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