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É Logo Ali - Luiza Pastor
Luiza Pastor
Descrição de chapéu escalada

Parque do Jaraguá prepara reabertura de via histórica de escalada

Depois de anos fechado, o campo 3 da unidade de conservação voltará a receber montanhistas

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São Paulo

Os montanhistas mais antigos do Brasil conhecem bem as vias de escalada localizadas no parque estadual do Jaraguá, a 23 quilômetros do centro de São Paulo. Várias gerações aprenderam a escalar por suas pedras desde a década de 1950, época em que os equipamentos eram raros, caros e pesados, e esse negócio de se pendurar de morros, coisa de meia dúzia de malucos. Depois de alguns acidentes, a principal das vias (caminhos traçados na rocha, com diversos níveis de dificuldade e configurações), chamada de C3 (Campo 3), foi fechada e os planos para sua recuperação ficaram esquecidos por décadas. Finalmente, em 2018, alguém encontrou o projeto em alguma gaveta e resolveu retomar a empreitada. Com a ajuda de um punhado de voluntários e um bocado de burocracia, finalmente a via está pronta para ser liberada —a combinar com a papelada da vida real.

Fábio Cascino coloca grampos novos na rocha da via C3, no parque estadual do Jaraguá, em São Paulo
Fábio Cascino coloca grampos novos na rocha da via C3, no parque estadual do Jaraguá, em São Paulo - Arquivo pessoal

No dia 3 de março passado, foi publicado no Diário Oficial de São Paulo o Chamamento Público nº 012/2023, que convoca os interessados em utilizar a via histórica de escalada a se inscreverem junto à Fundação Florestal, demonstrando que atendem a uma longa série de exigências. O excessivo detalhamento do edital causou surpresa a alguns praticantes, que temem a criação de uma espécie de reserva de mercado para umas poucas agências ou academias. Procurados, a Fundação Florestal, responsável pela unidade, e o gestor do parque, Gustavo Lopes do Espírito Santo, não se manifestaram até a publicação deste texto.

O trabalho de reabertura da via C3, segundo Fábio Alberti Cascino, do Clube Alpino Paulista, que participou da empreitada, incluiu a retirada de todos os grampos e placas velhos, o regrampeamento da via para passagem das cordas, e, para complicar um pouco as coisas, a desocupação de uma enorme colmeia de abelhas instalada em uma das fendas principais.

"As abelhas estavam a poucos metros do acesso à via, e atacavam quem passava perto", conta Cascino. "Elas já haviam sido retiradas uma vez pelos bombeiros, que não conseguiram pegar a rainha e, com isso, a colmeia se reinstalou no local", acrescenta.

Abelhas são retiradas de fenda na via C3 de escalada no parque estadual do Jaraguá
Abelhas são retiradas de fenda na via C3 de escalada no parque estadual do Jaraguá - Arquivo pessoal

Armado da indumentária tradicional de manejo de abelhas, Cascino retirou novamente as abelhas, passou um produto químico que pretende evitar que elas retornem e liberou a via para seu uso esportivo e, principalmente, educacional. É que, por não serem grandes estruturas de pedra, ostentando menos de 10 metros de altura, a C3 é ideal para ensinar os primeiros passos a quem está disposto a se aventurar morro acima. E se dali até o Everest é um longo e árduo caminho, nunca é demais lembrar que o primeiro passo é sempre o mais importante.

Ah, sim, vai me perguntar o leitor, e estamos falando da C3, o que houve com as vias C1 e C2? A primeira, por ser simples demais, praticamente não é utilizada, pois tem pouco a ensinar. Já a segunda, foi desativada pelos próprios escaladores, cansados de levarem na cabeça latas e lixo jogados pelos visitantes do pico menos esportistas —e mais mal-educados.

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