É Logo Ali

Para quem gosta de caminhar, trilhar, escalaminhar e bater perna por aí

É Logo Ali - Luiza Pastor
Luiza Pastor
Descrição de chapéu Todas escalada

O amor está no ar na volta das escaladas à pedreira Jaraguá

Na primeira vivência gratuita do ano, promovida pelo Clube Alpino Brasileiro, iniciantes provam o gostinho da subida em rocha

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Quando Eliana Maria Pereira, 33, e Gabriel Santos Lopes, 29, chegaram aos pés da via aberta para a primeira vivência de escalada gratuita do ano no bairro do Jaraguá, na zona norte de São Paulo, onde por sinal haviam se conhecido no final do ano passado, ela pensou que seria mais uma manhã de treino e lazer ao lado das equipes de voluntários reunidas por Alexandre Gazinhato, conhecido como o Francês, e o projeto social CAB (Clube Alpino Brasileiro). Só que ela não imaginava que, ao chegar ao topo da escalada, seria pedida em namoro (sim, isso ainda existe!) na frente de um grande grupo que, lá de baixo, filmava e fotografava cada um de seus passos rocha acima. Ao beijo que, aparentemente, selou o sim da moça, a plateia paramentada com capacetes, cadeirinhas, cordas e um tanto de lama das chuvas recentes aplaudiu efusivamente. O amor é lindo, fala sério.

Eliana Maria Pereira e Gabriel Santos Lopes se beijam após trocarem alianças no alto da rocha, na pedreira Jaraguá
Eliana Maria Pereira e Gabriel Santos Lopes se beijam após trocarem alianças no alto da rocha, na pedreira Jaraguá - Luiza Pastor/Folhapress

Enquanto o casalzinho descia com suas alianças e enormes sorrisos no rosto, Rosilene Martins da Silva, 52, aguardava sua vez de encarar a subida. "Sempre fiz trilha, gosto de estar ao ar livre", contou ela, que conhecia o Francês do antigo local no bairro do Morumbi, de onde o grupo foi expulso por pressão de moradores que não gostavam da ideia de ter um projeto social ocupando ostensivamente a pracinha próxima aos condomínios de classe média alta.

"Comecei a fazer as vivências e percebi que não tinha medo, mas uma enorme sensação de liberdade", define a biomédica. "A escalada é uma atividade que parece fácil, mas é difícil, mexe muito com o corpo, mas principalmente com a mente", completou.

Artur de Moura Lima, 10, escala na rocha da pedreira Jaraguá
Artur de Moura Lima, 10, estréia na escalada em rocha na pedreira Jaraguá - Luiza Pastor/Folhapress

Ansioso na fila à espera de sua vez de subir pelas vias implantadas pelos voluntários ao longo de aproximadamente 20 metros da rocha, Artur de Moura Lima, 10, foi um dos mais rápidos a escalar até o alto e comemorou o feito ao descer. "Eu já subi um pouco de parede indoor, há uns dois anos, mas desta vez deu um pouquinho de medo quando cheguei ali na metade", confessa o menino, com um sorriso de orelha a orelha. "Eu consegui subir tudo, mas daí percebi que voltar era mais difícil ainda, é muito pior", afirma ele, reconhecendo uma das grandes verdades do esporte: descer é sempre mais complicado para o corpo já cansado. Bem-vindo ao clube, Artur!

Demanda sem fim

Para o idealizador do projeto desde os tempos da Pedra do Francês, no Morumbi, a retomada formal das atividades no novo endereço foi cercada, principalmente, de muita ansiedade. "O grande diferencial desse nosso espaço é que entre as pessoas que estão lá fazendo a vivência e aprendendo os procedimentos, parece que o bichinho da escalada acaba picando-os e assim vão surgindo mais apaixonados", afirma.

Alexandre Gazinhato, criador do projeto social Clube Alpino Brasileiro e orientador de escalada na Pedreira Jaraguá, em São Paulo
Alexandre Gazinhato, criador do projeto social Clube Alpino Brasileiro e orientador de escalada na pedreira Jaraguá, em São Paulo - Acervo pessoal

Francês conta que, no sábado (18), foram 54 os participantes que se aventuraram nas cordas, com idades principalmente entre 35 e 40 anos. Mas ele quer chegar mais longe. "Nós queremos chegar até a população mais carente, mas para isso ainda precisamos de algum patrocínio ou acordo, já estamos trabalhando para isso", explica, acrescentando que "a demanda é sem fim, pois praticamente não existe em São Paulo outra forma de provar a escalada sem pagar, somos os únicos a organizar isso, e queremos ampliar o escopo de nossa atividade para cumprir a missão de construir a cultura de montanha no Brasil".

O exemplo de Francês, na prática, começa dentro de casa, de onde o pequeno Bento, de 10 meses, arriscou imitar os adultos dando os primeiros passos nas garras de uma parede indoor no vídeo que viralizou nos grupos de escalada e que reproduzimos aqui. Alguém duvida de que vem aí mais um montanhista raiz?

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.