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Sexta-feira 13: ONGs controlam adoção de gatos pretos no período

Animais correm risco de serem sacrificados em rituais

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São Paulo

Toda sexta-feira 13 é a mesma coisa: as ONGs de animais controlam a adoção de gatos pretos para que eles não sejam sacrificados em rituais.

Por causa de preconceitos que começaram na Idade Média, na Europa, os gatos passaram a ser associados às bruxas. Essas mulheres, na maioria, eram apenas sábias que usavam ervas para curar doenças. Não faziam feitiços nem mal a ninguém.

Espertas, elas mantinham os felinos sempre por perto para afastar os ratos de suas casas.

Com a Inquisição —grupos dentro da Igreja Católica que combatiam a heresia e a bruxaria—, essas mulheres começaram a ser perseguidas e, muitas vezes, acabavam sendo mortas em fogueiras. Até os gatos delas acabavam sacrificados também.

Ilustração de Rodrigo Fortes mostra uma mulher e um gato preto sentados em cima de um armário
Rodrigo Fortes

O assassinato de felinos foi tão grande que a população desses animais diminuiu muito no continente europeu. Tanto que historiadores associam a queda do número de gatos ao surgimento da peste bubônica, também chamada de peste negra, no século 14.

Afinal, menos bichanos significava mais ratos perambulando pelas ruas. E a doença era causada pelas pulgas que esses roedores carregavam.

Como nem séculos de desenvolvimento da ciência são capazes de acabar com alguns preconceitos e crenças, os gatos continuam associados ao misticismo.

Susan Yamamoto, uma das fundadoras da ONG Adote Um Gatinho (AUG), conta que os cuidados com a adoção de gatos são redobrados no período de sexta-feira 13 e também de Dia das Bruxas.

"A ONG é sempre muito criteriosa para doar os gatinhos. Perto de datas como sexta-feira 13, ficamos ainda mais atentos aos pedidos por gatos pretos. Prestamos atenção a cada vírgula dita pelos interessados e evitamos entregar os gatinhos até a data. A adoção perto do Dia das Bruxas requer os mesmos cuidados", diz.

Adriana Tschernev, vice-presidente da ONG Confraria dos Miados e Latidos, tem a mesma postura. "Nosso processo de adoção, via de regra, é bastante criterioso. Em datas como o Dia das Bruxas e sextas feiras 13, além de todo o processo que inclui questionário, entrevista e vistoria da residência, tomamos o cuidado adicional de não entregar os gatinhos que costumam ser alvo de maldades. Assim frustramos qualquer plano de subverter a finalidade da adoção. Finalizamos a adoção, mas o animal não é entregue nos dias que antecedem essas datas, só depois", ressalta.

Além de gatinhos pretos, os brancos também podem ser usados em rituais de sacrifícios. Por isso os bichanos dessa pelagem também entram na lista de alerta. "Todo gatinho de cor sólida, sem manchas, pode ser vítima da ignorância humana", revela Adriana.

Susan também indica alguns cuidados para quem tem um gatinho preto. "Nunca deixar o gato ter acesso à rua. A dica deveria valer sempre, já que na rua os gatos correm riscos como atropelamento, envenenamento e doenças. Mas, nessas datas específicas, eles correm o risco ainda de serem maltratados e usados em rituais."

"Gatos em geral não devem sair na rua nunca. Um gato com acesso à rua vive cerca de 3 a 4 anos, enquanto que na criação indoor eles chegam a passar dos 20 anos. Os perigos das ruas vão além dos riscos da maldade humana: o animalzinho pode se envolver em brigas, contrair doenças, ser atropelado, envenenado. Então, sexta feira 13 ou não, mantenha seu gatinho em casa sempre", reforça Adriana.

Para diminuir o preconceito contra esses animais, foi criado o Dia do Gato Preto pela ONG britânica Cats Protection. A intenção é celebrar a beleza e estimular a adoção desses bichanos que, infelizmente, são sempre os menos procurados por adotantes.

O dia 27 de outubro foi escolhido porque antecede o Halloween, o Dia das Bruxas comemorado principalmente nos países de língua inglesa em 31 de outubro. A ideia é conscientizar a população de que gato preto não dá azar, e evitar que esses animais sejam sacrificados em rituais que costumam acontecer nesse período, além das sextas-feiras 13.

Denuncie maus-tratos

O artigo 32 da Lei Federal 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) prevê pena de 3 meses a 1 ano de detenção para quem praticar atos de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais. Por isso, caso presencie um pet em perigo, denuncie: Ibama (0800 61 80 80), Disque Ambiente (0800 11 35 60), Disque Denúncia (181) ou Polícia Militar (190).

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