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Conheça a 'Dra. Dolittle do TikTok', viral que reúne diferentes animais em harmonia

Larissa Dona Puma diz que faz vídeos de humor sem adestrar os pets

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São Paulo

No chão da cozinha, de frente para o corredor que vai para os quartos de sua casa, Larissa Rodrigues de Freitas vê o cenário ideal para reunir duas cachorras, uma gata, um casal de calopsitas e, vez ou outra uma lagartixa, para gravar vídeos para as redes sociais.

Não só os pets aparentemente estão em harmonia como costumam seguir o roteiro da influenciadora de 22 anos, moradora de Uiraúna, no interior da Paraíba. No repertório da trupe estão cenas de novelas ou séries, como "Avenida Brasil" e "Game of Thrones", covers da banda Rebelde e também roteiros originais.

Os vídeos do perfil Larissa Dona Puma, que despertaram a simpatia de 1,8 milhão de pessoas no Instagram e 1,7 milhão no TikTok, têm pouca edição e contam apenas com a câmera no chão e Freitas sentada junto aos animais interpretando um monólogo.

A influenciadora Larissa com as cachorras Dona Puma (esq.) e Lambu (dir.) e a gata Xana Calanga
A influenciadora Larissa Rodrigues de Freitas com as cachorras Dona Puma (esq.) e Lambu (dir.) e a gata Xana Calanga - Reprodução/Instagram

Os seguidores a apelidaram de versão feminina do Dr. Dolittle, personagem fictício que consegue se comunicar com animais, e também de "sucessora natural do santo padroeiro São Francisco de Assis".

"Eu gosto mesmo de animais, quanto mais tiver, melhor", diz a criadora de conteúdo ao #Hashtag. Na casa que divide com o irmão, ela também cria dez galinhas, um ganso, três patos e três codornas. A maioria fica no quintal, explica. "Fora os integrantes que vêm e vão, as moscas, lagartixas e formigas."

A única rivalidade aparente é entre a gata Xana Calanga e as lagartixas, que nunca são as mesmas. Freitas diz que pega os animais que estão no mato perto de sua casa e depois os devolve.

A gata geralmente avança nos répteis e os vídeos caseiros precisam ser interrompidos. Essa rixa foi, inclusive, explorada como tópico central em um vídeo no qual uma lagartixa aparece sem rabo.

Freitas diz que começou a fazer os vídeos por diversão durante a pandemia para enviar aos familiares. A brincadeira deu tão certo que pediu demissão dos dois empregos, de empregada doméstica e garçonete, e já conseguiu comprar uma casa na zona rural de Uiraúna, perto de onde seus pais têm um sítio.

A inspiração, além de assuntos que estão fazendo sucesso nas redes, vem de situações cotidianas, como fofocas de vizinhas que envolvem casos de traição e até acidentes de trânsito (com as lagartixas e calopsitas pilotando motos e carros de brinquedo).

Para fazer cada vídeo, Freitas diz que gasta pelo menos duas horas, mas depende a disposição dos bichos. A gata Xana Calanga, por exemplo, passa quase o dia todo fora de casa e não gosta de ficar parada. "No fim das contas, se pegar uma porcentagem de tudo o que eu gravo, só utilizo 10%."

Ela não treina nenhum dos animais para os vídeos, mas as cachorras sabem alguns comandos básicos. "Eu acho que o cachorro adestrado faz esperando alguma coisa em troca. Os meus fazem o que quiserem. Eu não dou nenhuma comida ou recompensa quando terminamos os vídeos. Prefiro deixar natural."

No geral, a recepção é positiva, com agradecimentos pela alegria que os vídeos proporcionam. "Às vezes tem dia que a gente não está assim muito bem animada, mas eu ganho o dia sabendo que fiz alguém sorrir."

Só que a influenciadora também recebe críticas de pessoas que a acusam de maus-tratos com os animais. "Muitos acham que, por eles ficarem muito quietos, eu bato ou dou remédio. Eu já fiz vídeo mostrando como é a realidade e não tem mais como eu provar que eu não faço isso."

Freitas já recebeu uma emissora de TV local em sua casa, cuja produção viu os cuidados dos bichos. Ela também publica vídeos dos bastidores, erros de gravação e da rotina dos animais, como os dias de banho e aniversários.

Para a médica veterinária Camila Andrejus o mais importante é supervisionar essas relações, principalmente pela presença da gata, que é um carnívoro estrito. "É muito bacana desde que todos estejam em bem-estar e sob observação do responsável. Se a gente for pensar em uma atividade com o instinto natural desse gato, poderia estar acontecendo algum acidente. Então, apesar de ser muito legal de ver, o cuidado deve ser extremo."

"Não tem pessoa que tem mais raiva de gente que maltrata os animais do que eu não", diz Freitas. "Passei por muita situação delicada na minha vida. Só eu e [a cachorra] Dona Puma sabemos as coisas que a gente já viveu. Já chorei muito no ombro dela."

Para ela, um dos motivos para a combinação certeira é que, com exceção de Dona Puma, que já tem cinco anos, todos os animais cresceram juntos. Fora isso, o mérito parece vir da sua própria convivência como tutora. "É saber lidar, conhecer o animal que tem e passar segurança para eles."

Em seus planos futuros, Freitas quer mudar para a casa nova e adotar mais animais. "Na minha vida não pode faltar bicho, não", diz. Além disso, quer continuar se comunicando nas redes, apesar de não se considerar influenciadora do ramo pet e nem humorista. "Só sou 'amostrada' mesmo."

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