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No blog, as mães Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti abordam as descobertas do início da maternidade

Maternar - Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti
Havolene Valinhos e Tatiana Cavalcanti

Cuidar do cabelo dos meus filhos ajuda a ressignificar minha infância, diz Andressa Reis

Criadora de conteúdo digital conta que falta de representatividade minava sua autoestima

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São Paulo

Cuidar do cabelo dos filhos muda a forma como os pais se relacionam com o próprio cabelo. É o que apontou a pesquisa sobre beleza negra infantil, realizada pela Johnson´s por meio do Estúdio Nina.

Entre os entrevistados, 55% disseram ter passado por essa mudança depois do nascimento dos filhos. 54% responderam que não querem que seus filhos passem pelo que passaram quando eram crianças e cuidavam de seus cabelos e 54% responderam que tiveram que aprender a aceitar seus próprios cabelos porque querem que a criança aceite seu cabelo.

"São mães, por exemplo, que antes alisavam os fios, e que até nem lembravam mais qual era a curvatura do seu próprio cabelo natural, e que param de alisar para dar exemplo para seus filhos. Elas entendem que são o principal espelho dessa nova geração, e que se não tiverem elas mesmas orgulho, fica mais difícil para os pequenos construírem isso para si próprios", destaca Ana Carla Carneiro, sócia-fundadora do Estúdio Nina.

Mãe de Maria, 5, e Caetano, 3, a criadora de conteúdo digital Andressa Reis se identifica com a maioria das respostas da pesquisa. Nascida nos anos 80, ela conta que estudou em uma escola particular, onde a maioria das crianças eram brancas. "Eu não me sentia pertencente e representada, sem contar que eu era motivo de chacota e as crianças faziam bullying comigo. Não me via na mídia, não me achava bela e não havia nenhuma representante preta para que eu pudesse me espelhar, então isso já minava a minha autoestima", conta.

Andressa Reis em pé sorrindo. Ela é uma mulher preta de cabelos crespos e curtos. Usa blusa branca e conjunto verde de calça e camisa. Está em frente a um banner de lançamento da linha Blackinho Poderoso da Johnson´s
Andressa Reis conta que o cuidado com o cabelo dos filhos ajudou a ressignificar sua infância - Divulgação

Ela lembra que tinha muita dificuldade para achar produtos específicos para seu tipo de cabelo e que chegou a sofrer um corte químico. "Hoje o cabelo dos meus filhos recebe o valor que foi negado há muito tempo. Usar um produto para cabelos crespos neles me faz ressignificar o cuidado que não tive com meu cabelo", diz.

A experiência de Andressa na infância também apareceu na resposta de 47% dos entrevistados, que disseram temer que a criança se sinta feia ou rejeitada pelos colegas em função do cabelo. 44% temem que elas sintam vergonha e 39% têm medo de que a criança acredite que não será admirada ou aceita com seu cabelo natural.

Quem estabelece que o cabelo crespo é difícil de cuidar é o racismo. Difícil é achar no mercado produtos adequados e eficazes para essa categoria. Não é possível imaginar que um shampoo feito para fios lisos vá funcionar bem para um cabelo que é muito mais delicado, como o crespo é", ressalta Ana Carla.

A sócia-fundadora do Estúdio Nina lembra que a mídia ainda é muito pouco inclusiva e que é raro ver crianças negras, especialmente na publicidade. "As poucas marcas que fazem um movimento incluem uma única criança negra em meio a crianças brancas de diferentes tons de cabelo e pele, o que faz com que o público negro não consiga se conectar de fato, já que isso não tem relação com sua realidade cotidiana".

Ela destaca também que a falta de representatividade afeta diretamente a autoestima, como revelou a pesquisa. "É muito importante que os pequenos cresçam se vendo representados como bonitos, alegres, felizes –isso constrói novos referenciais positivos, um imaginário em que eles podem ser quem são com liberdade", diz.

A pesquisa Crianças Negras e Cabelos Crespos, relações, impactos e aspirações para o futuro ouviu 404 pessoas negras de diferentes classes sociais, acima de 18 anos, e de todas as regiões do país. Os dados foram divulgados no evento de lançamento do Blackinho Poderoso, nova linha de produtos para cabelos crespos da Johnson´s.

"Compreendemos que fazer com que as crianças se sintam bonitas e se admirem é uma forma fundamental de trabalhar a sua autoestima e empoderá-las todos os dias", afirma Bertha Fernandes Kowalczyk, gerente sênior das marcas de cuidados infantis da Johnson & Johnson Consumer Health.

Presente há 80 anos no país com 54% da população negra, a empresa realizou diversos estudos e ouviu consumidores e especialistas em cabelos crespos para, enfim, criar uma linha específica para esse público. "Estamos em uma jornada evolutiva e constante junto com a sociedade e o nosso lançamento entra nesse contexto", ressalta.

Um menino negro, de aproximadamente três anos, está sentado no chão, com as pernas dobradas e cruzadas em frente a uma pista de carrinhos. Ele tem black power e está sorrindo. Veste camiseta azul e bermuda clara e segura umas pecinhas de plástico.
Cuidar do cabelo dos filhos muda a forma como os pais se relacionam com o próprio cabelo - Adobe Stock

Também presente no lançamento, a apresentadora e influenciadora Giovanna Ewbank conta que recorreu a muitas pessoas para aprender a cuidar dos cabelos dos filhos Titi, 9, e Bless, 8. "Recebi muito apoio e muita ajuda de cuidadoras pretas que me ensinaram muito, mas na época ainda não existiam muitos produtos infantis voltados para o cabelo crespo -principalmente na curvatura 4C, que é deles".

"Sei que eles vão crescer com a autoestima completamente diferente, elevada e com a certeza de suas potências. Nosso papel é fortalecê-los cada vez mais e proporcionar referências de pessoas negras que nós admiramos, seja na música, em filmes ou em histórias em quadrinhos", diz a apresentadora.

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