Bebês prematuros ou com alguma síndrome, como a de Down, podem apresentar hipotonia. Um bebê hipotônico é aquele com um tônus muscular com menos firmeza. Entre as dificuldades está sustentar e movimentar a cabeça.
Por causa dessa condição, também é mais difícil amamentá-lo, uma vez que para mamar o bebê tem que estar acordado, ativo, procurar a mama da mãe, fazer a pega e ficar sugando.
"Na sucção, o bebê fica ali fazendo força, sugando. Então, um bebê com menos força, que está mais hipoativo, sonolento, ele começa a mamar, mas adormece. É preciso ficar estimulando, porém nem sempre ele acorda", explica Mônica Carceles Fráguas, pediatra e neonatologista do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista.
Alguns bebês hipotônicos podem apresentar problemas neurológicos porque tiveram, por exemplo, sofrimento no parto, malformação, doença neurológica ou uma síndrome que tem sintomas neurológicos, como a Síndrome de Down.
A médica afirma que o bebê com Síndrome de Down é mais molinho, não mantém o pescoço firme. "É um bebê que dará mais trabalho para mamar, sugará menos, além de se cansar mais fácil."
De modo geral, para que os bebês hipotônicos consigam receber o leite da mãe são necessários alguns cuidados, como o incentivo do contato pele a pele logo ao nascer, a chamada hora de ouro.
"O contato com a pele estimula o bebê, ele sente a mãe ali, vai procurar a mama, mesmo sendo prematuro ou com alguma síndrome. Depois disso, a mãe pode continuar fazendo o contato pele a pele durante o dia, ele vai ficar quentinho, pode acordar e começar a procurar a mama. É muito bom para estimular o bebê a sugar."
Em geral, segundo a especialista, os bebês hipotônicos apresentam melhoras ao longo do tempo e atingirão tanto uma boa mamada quanto um bom tônus muscular.
"O bebê prematuro pode levar dias ou semanas. Já o bebê que tem alguma questão neurológica levará mais tempo e, provavelmente, será uma criança com um tônus muscular mais flácido. Contudo, hoje em dia há muitos estímulos, tratamentos e terapias especiais que podem auxiliar no tratamento."
Porém, enquanto o bebê não tem força para sugar, a mãe pode estimular a mama, fazer ordenha para que continue produzindo o leite, mesmo que seja pouca quantidade e oferecer ao bebê em um copinho.
Há uma técnica chamada dancer, usada para bebês hipotônicos, na qual a mãe coloca o bebê sentado em sua frente, apoia o rosto do bebê de frente para a mama, põe a mão na mama e os dedos do polegar, indicador no rostinho do bebê. Isso o manterá mais acordado.
Outra dica é para o bebê que suga, mesmo que pouco, a mãe pode ir ordenhando a mama, e vai caindo um pouco mais de leite na boca dele.
Se o bebê receber alta, a mãe pode fazer em casa uma retirada de leite a cada três horas como se fossem as mamadas do bebê. Mais uma opção seria a mãe ordenhar um seio e, ao mesmo tempo, colocar o bebê no outro. "Caso ele não mame no peito ela já conseguiu tirar o leite e dar para o bebê no copo", afirma a médica.
O ideal é que as mamadas ocorram pelo menos a cada três horas, pois em intervalos maiores os bebês podem perder peso. "Não só pelo bebê, mas pela produção da mãe, uma vez que se ela começa a espaçar muito produzirá menos leite."
É importante manter a produção de leite também pois com a melhora do bebê ele conseguirá sugar direto e normalmente com o tempo.
Mas há situações nas quais o bebê não pega mesmo o peito. "Depois que tentou outras coisas, a mãe pode usar um bico de silicone porque o bebê não tem que ser tão proativo para pegar, o bico entra na boquinha dele e fica mais fácil. Mesmo assim por ser muito sonolento, muito hipoativo pode ser que não consiga sugar com bico de silicone"
Fráguas lembra que o bebê hipotônico demandará mais tempo e energia da mãe. Por isso é importante que ela tenha uma rede de apoio.
Também há casos em que a mãe pode continuar tirando o leite normalmente, mesmo que ela ou o bebê estejam internados. "Normalmente o bebê fica junto com a mãe no quarto e continua a mamar. Agora pode chegar ao ponto dela ir para a UTI e o bebê continua indo, mesmo que fique no berçário, mas vai em todas as mamadas. E quando ela não puder amamentar naquele período por causa de medicação, pode continuar tirando o leite para não diminuir a produção."
Benefícios da amamentação
A amamentação exclusiva pelo menos até os seis meses protege o bebê de infeções respiratórias, diarréia, melhora a sua imunidade, diminui as alergias, o risco de diabetes e obesidade. "O leite materno molda o sistema imunológico, tendendo a ser um adulto mais saudável e um desenvolvimento neurológico melhor", afirma a especialista.
O ideal é que o bebê seja amamentado até os seis meses de forma exclusiva, o que garante tirar todo proveito do leite. "Mas a OMS (Organização Mundial de Saúde) recomenda até os dois anos ou mais porque a taxa de imunidade, de anticorpos, de tudo o que você dar para o bebê aumenta", diz a pediatra.
No entanto, a profissional frisa que há mães que não podem ou não conseguem amamentar e devem ser respeitadas. "Não podemos culpar as pessoas porque não podem amamentar porque, por exemplo, precisam trabalhar. Essa mãe não pode se sentir culpada por causa disso."
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