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Mensageiro Sideral - Salvador Nogueira
Salvador Nogueira

Equipe detecta sinais de 3º planeta ao redor de Proxima Centauri

Astro deve ter apenas 25% da massa da Terra e dar uma volta a cada 5 dias

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Uma equipe internacional de astrônomos usando o Very Large Telescope, do ESO, no Chile, encontrou evidências de que há um terceiro planeta orbitando Proxima Centauri, o sistema mais próximo do nosso, a 4,2 anos-luz daqui.

Batizado como Proxima d, ele seria o mais interno dos mundos identificados por lá e os pesquisadores liderados por João Faria, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, em Portugal, ainda o tratam como candidato, em seu artigo publicado no periódico Astronomy & Astrophysics. E não sem razão: ele seria o exoplaneta com menos massa já detectado pelo método de medição de velocidade radial, 25% da terrestre. Esse método permite a estimativa da massa dos planetas ao medir o bamboleio que uma estrela faz ao ser atraída pelos mundos que giram ao seu redor.

Há entusiasmo por Proxima Centauri desde 2016, quando foi descoberto o primeiro exoplaneta por lá. Proxima b, como foi chamado, completa uma órbita ao redor de sua estrela, uma anã vermelha bem menor que o Sol, a cada 11 dias. Isso o coloca, em tese, na zona habitável da estrela, região nem muito fria, nem muito quente, onde em princípio seria possível ter água de forma estável na superfície -- pré-requisito para vida.

Imagem mostra arte conceitual do planeta Proxima b orbitando a estrela anã vermelha Proxima Centauri
Concepção artística de Proxima d; com um quarto da massa da Terra, ele seria o menor já detectado pelo método de medição do bamboleio gravitacional da estrela - AFP/ESO

Proxima c, o segundo planeta descoberto no sistema, foi encontrado em 2020, com o mesmo equipamento que havia detectado Proxima b. Ele seria algo como uma superterra ou um mininetuno, com sete vezes a massa terrestre, orbitando a estrela a cada 5,3 anos. Ele ainda é tratado pela maioria dos astrônomos como um candidato, carente de confirmação.

É a mesma situação em que agora surge Proxima d, o pequenino mundo descoberto com o Espresso, espectrógrafo do VLT mais potente e preciso que o Harps, responsável pelo achado dos dois planetas anteriores. Ambos os instrumentos fazem essencialmente a mesma coisa: medem a assinatura de luz da estrela observada e detectam variações nos comprimentos de onda que indiquem o bamboleio periódico do astro, causado pelos planetas.

A diferença é que o Espresso é mais moderno e opera num telescópio com espelho de 8,2 metros. O Harps está instalado no Observatório de La Silla, também no Chile, mas com um espelho de 3,6 metros. Foi usando-o para confirmar a presença de Proxima b, em 2020, que os pesquisadores encontraram um sinal indicando um planetinha com período de 5 dias. As observações subsequentes deram mais confiança de que se trata mesmo de um planeta.

Mais que revelar a riqueza do sistema planetário vizinho, potencial alvo para estudos futuros com o Telescópio Espacial James Webb, o trabalho confirma o potencial do Espresso para descobrir exoplanetas de baixa massa, uma população sobre a qual até o momento se sabe muito pouco, mas deve estar entre os tipos mais prevalentes na galáxia.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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