O trombonista, arranjador e compositor capixaba Joabe Reis mostrou a que veio e o que virá no seu próximo álbum durante o show que apresentou no Bourbon Street, em São Paulo, no último domingo (5). Assista, no final do texto, ao vídeo com um trecho do espetáculo, gravado com exclusividade pelo Música em Letras.

Este repórter teve oportunidade de assistir a vários shows deste excelente artista, com a mesma formação de sexteto. Do penúltimo espetáculo - realizado, em dezembro de 2022, em São Paulo- ao show do último domingo há muita diferença. A começar pelos integrantes da banda, que na última apresentação teve o saxofonista tenor Cássio Ferreira tocando no lugar de Josué Lopez. Os dois músicos são um assombro e indiscutivelmente estão na lista dos melhores instrumentistas do país.

Mestre, Joabe Reis só escala para essa posição músicos muito capacitados, como os dois já citados, ou o exímio saxofonista Marcelo Martins. O propósito é que dividam com ele, e o restante da banda, o prazer de tocar realmente juntos e que, em seus momentos solos, arrebentem. Foi o que fez, com brilho, Cássio Ferreira.

Os outros quatro integrantes que completaram o sexteto com Joabe Reis não deixaram por menos. Sidmar Vieira (trompete), Felipe Pizzutiello (contrabaixo elétrico), Daniel Pinheiro (bateria) e Diogo Oliveira da Silva (teclados) tocaram maravilhosamente bem, quebrando tudo em todas as músicas.

Quanto à atuação de Joabe Reis, fica quase impossível descrever, por meio de palavras, seu alto poder de liderança, coesão, cumplicidade e entrosamento disseminado no grupo. Incrível o bom gosto que há em suas composições, sempre apresentadas com estruturas, arranjos e suingue invejáveis.

No show de domingo, a trupe interpretou "Primeira Dose", "Aquidaban", "Zumbi", "J&J", "I Just Wanna Breathe" e "Pamplona", todas de autoria de Joabe Reis, além de "Partido Alto", dele com José Roberto Bertrami e Flora Purim, e "Vila Rica", de Joabe Reis e Marcelo De Lamare.

ÁLBUM NOVO

As duas últimas músicas, assim como "Zumbi" e "Se Eu Quiser Falar Com Deus", de Gilberto Gil, fazem parte do repertório do próximo álbum do trombonista, batizado de "028", uma homenagem a Cachoeiro de Itapemirim (ES), cidade natal de Joabe, que tem o número como código de área para ligações telefônicas.

Com previsão de lançamento para abril, o disco trará 14 músicas autorais. Algumas dessas composições receberam nomes de bairros de Cachoeiro de Itapemirim, como "BNH", "Vila Rica" e "Aquidaban". Foi nelas que Joabe e seus companheiros de som experimentaram misturar trap, R&B, hip-hop, neo soul, sopros, bateria, baixo e teclado, beats eletrônicos com grooves de bateria, camadas harmônicas, tessituras vocais e efeitos sonoros.

Pelo que foi mostrado no novo show, em músicas como "Partido Alto" e "Se Eu Quiser Falar Com Deus", com a bela participação especial da cantora Mirella Costa, a experiência deu muito certo e deve romper barreiras na música instrumental, posicionando definitivamente Joabe Reis no mapa do jazz nacional, com visão para o mercado global.

No novo álbum, há ainda participações muito especiais como a do saxofonista norte-americano Bob Mintzer, do gaitista Gabriel Grossi e dos músicos U-Nam (guitarra), Michael Pipoquinha (contrabaixo), Josué Lopez (saxofone), Sidmar Vieira (trompete), Daniel Pinheiro (bateria) e Agenor de Lorenzi (teclados).

Através do novo show e da pequena amostra do que virá no novo álbum, o trombonista Joabe Reis mostra estar longe de ser um artista confuso, indeciso, dissimulado ou que não se explica. Joabe Reis sabe muito bem o que quer e reina único na massa de som que produz, demonstrando destreza não só com o seu instrumento, sua banda, composições e arranjos, mas também com a sua maior intenção: respeitar a música para ser respeitado.

Assista, a seguir, ao vídeo gravado com exclusividade pelo blog Música em Letras no qual é mostrado um trecho do show de Joabe Reis Sexteto.

SHOW JOABE REIS SEXTETO

AVALIAÇÃO Ótimo