Com não tanta frequência, a Champions League oferece algumas surpresas, como um time não favorito ir longe no badalado interclubes europeu.
Nesta edição, ela aconteceu.
O Villarreal, dono de um único título relevante em sua história de 99 anos –existe desde 10 de março de 1923–, eliminou ninguém menos que o megafavorito Bayern, em plena Allianz Arena, em Munique.
O feito veio com um 1 a 1, depois de uma vitória por 1 a 0 na partida de ida, no Estádio da Cerâmica (conhecido popularmente como El Madrigal), na Espanha.
O Bayern até saiu na frente nesta terça (12), com o artilheiro polonês Lewandowski (sempre ele), mas o Submarino Amarelo empatou aos 43 minutos do segundo tempo, em um contra-ataque, com o reserva Chukwueze.
Chamou-me a atenção que o nigeriano, que entrara no jogo quatro minutos antes, aparentemente errou o chute. Acertou a bola de modo que ela tocou no gramado e subiu, encobrindo o goleiro Neuer.
Detalhe do gol à parte, a equipe segurou o empate mais uns minutos e eliminou o hexacampeão da Liga dos Campeões (a última vez em 2020) e 31 vezes campeão do Campeonato Alemão.
Assim, o Submarino Amarelo está na fase semifinal, onde duelará com o ganhador do confronto entre outros dois gigantes europeus, Liverpool e Benfica, a ser definido nesta quarta-feira.
Mencionei duas vezes Submarino Amarelo, que é o apelido do Villarreal. O uniforme, todo da cor do Sol, explica parte dele. Mas de onde surgiu o submarino, e quando?
O leitor conhecedor de música sabe que "Submarino Amarelo" é uma famosa canção ("Yellow Submarine") dos famosíssimos e inesquecíveis Beatles, banda inglesa de sucesso estrondoso nos anos 1960.
De acordo com o site da Uefa, na temporada de 1967/1968, na qual o Villarreal lutava para subir para a terceira divisão espanhola, "um grupo de torcedores atrás de um dos gols começou a reproduzir em um gravador a canção dos Beatles".
E no refrão eles, em alusão às camisas amarelas dos jogadores, cantavam: "Amarillo es el Villarreal, amarillo es, amarillo es" (Amarelo é o Villarreal, amarelo é, amarelo é).
A letra original é assim: "We all live in a yellow submarine, yellow submarine, yellow submarine" (Todos vivemos em um submarino amarelo, submarino amarelo, submarino amarelo).
Não há informação de por quanto tempo, ou em quantos jogos à época, o refrão adaptado foi entoado, mas alguém batizou a equipe de Submarino Amarelo em meio ao cântico, e o apelido pegou, perdurando até hoje.
Os torcedores gostam dele, tanto que até a mascote do Villarreal, chamada de Groguet, é um submarino –amarelo no corpo, azul na cabeça e nos membros e vermelho no periscópio, comportando as cores do escudo do clube.
O Villarreal já esteve em uma semifinal de Champions, em 2006, quando foi eliminado pelo Arsenal ao perder na Inglaterra por 1 a 0 e empatar sem gols na Espanha. O craque desse time do Submarino Amarelo era o meia argentino Riquelme.
Apenas o sétimo colocado no Campeonato Espanhol de 2020/2021 –é também a sua colocação atual–, o Villarreal classificou-se para a atual Champions ao conquistar a Liga Europa, superando na decisão o Manchester United.
Essa é a única conquista importante do clube quase centenário, que nunca venceu o Espanhol nem a Copa do Rei. Além da Liga Europa, o Villarreal soma duas Copas Intertoto (2003 e 2004), torneio de verão extinto em 2008.
Nesta Champions, o Submarino Amarelo, para avançar às semifinais, eliminou antes do Bayern, nas oitavas de final, a italiana Juventus. Na fase de grupos, ficou em segundo lugar na chave vencida pelo Man United e que tinha também o Atalanta (Itália) e o Young Boys (SUI).
A equipe do técnico Unai Emery tem como principais destaques os argentinos Rulli (goleiro) e Lo Celso (meia), os espanhóis Pau Torres (zagueiro) e Gerard Moreno (atacante), e o atacante holandês Danjuma.
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