A Fifa anunciou dias atrás a lista de árbitros, principais, assistentes e de vídeo, para a Copa do Mundo masculina, que será em novembro e dezembro no Qatar.
Serão 36 apitando, 69 auxiliares de campo –os populares bandeirinhas– e 24 atuando como VAR (árbitro de vídeo).
A grande novidade ficou por conta da presença de profissionais mulheres no Mundial masculino. Será inédito, e elas serão seis.
Entre as árbitras estão a francesa Stéphanie Frappart, a mais famosa delas, pois já apitou jogo da Champions League masculina e de qualificatório para a Copa do Mundo masculina, a japonesa Yoshimi Yamashita e a ruandesa Salima Mukansanga.
As bandeirinhas escolhidas pela Fifa são a norte-americana Kathryn Nesbitt, a mexicana Karen Díaz Medina e... uma brasileira! A catarinense Neuza Inês Back.
No futebol, e não só no futebol mas em todos os esportes, e não só em todos os esportes como em todas as profissões e áreas de atuação, a história reserva um lugar especial para os primeirões (e primeironas).
Há muitos e muitas, e dos que mais me lembro, devido ao aprendizado escolar, são o norte-americano Thomas Edison, criador da lâmpada elétrica –Pelé foi batizado Edson (Arantes do Nascimento) em homenagem a ele–, e o escocês Graham Bell, o do telefone, apesar de haver relatos que apontam com propriedade que não foi ele, mas o italiano Antonio Meucci, o inventor do aparelho.
Voltando ao futebol, o pioneirismo, em se tratando de Brasil, é creditado a Charles Miller, o introdutor do ludopédio por aqui.
O mesmo Miller que batiza a praça em frente ao estádio do Pacaembu (região central de São Paulo) e, frise-se, não é inglês. Ele viveu e estudou na Inglaterra, porém nasceu na capital paulista.
Não é minha intenção neste texto apresentar as centenas e centenas de pioneiros e pioneiras no futebol, pois seria uma tarefa quase sem fim.
Focando somente a Copa do Mundo masculina, é adequado citar que o Uruguai ganhou a inaugural, em 1930, atuando em casa.
Que o primeiro a fazer um gol nessa competição foi o francês Lucien Laurent. Que o primeiro a marcar um gol em uma final foi o uruguaio Pablo Dorado.
E que, em relação à arbitragem, os primeiros juízes a atuarem em um Mundial (nesse, no Uruguai, 92 anos atrás) foram o uruguaio Domingo Lombardi, em França 4 x 1 México, e o argentino Jose Macias, em EUA 3 x 0 Bélgica.
Dois? Sim porque as duas partidas começaram na mesma hora. A final (Uruguai 4 x 2 Argentina) teve o comando do belga Jean Langenus.
Já nessa Copa o Brasil teve seu pioneiro. Gilberto de Almeida Rego (1881-1961) bandeirou França x México e arbitrou Argentina 1 x 0 França, Uruguai 4 x 0 Romênia e Uruguai 6 x 1 Iugoslávia.
O primeiro árbitro brasileiro a dirigir uma decisão de Copa masculina foi Arnaldo Cezar Coelho (Itália 3 x 1 Alemanha, na Espanha, em 1982), aquele mesmo que, comentarista famoso que se tornou, dizia sempre "a regra é clara" para esclarecer lances duvidosos.
Quatro anos depois, Romualdo Arppi Filho estaria em outra final de Mundial (Argentina 3 x 2 Alemanha, no México).
Escrito isso, Neuza Back, 37, natural da pequena Saudades (SC) –de menos de 10 mil habitantes, fundada em 1961 e conhecida na região pela festa do porco–, é nesse contexto uma privilegiada.
Terá, salvo algum imprevisto até o fim do ano (uma lesão, por exemplo, que se espera não aconteça), seu nome eternizado nos livros –impressos e ebooks – e na internet como uma das primeiras representantes da arbitragem na Copa do Mundo masculina.
Desde 2008 ela dá seus piques e capricha em seu posicionamento nas laterais dos campos de futebol, e atualmente integra os quadros da Fifa, da Conmebol (a confederação sul-americana), da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e da FPF (Federação Paulista de Futebol).
Em competições masculinas, bandeirou jogo de Copa do Brasil, de Copa Sul-Americana, de Libertadores da América e de Mundial de Clubes.
Os outros representantes brasileiros na arbitragem no Mundial do Qatar serão os apitadores Raphael Klaus e Wilton Pereira Sampaio e os bandeirinhas Bruno Boschilia (sobrinho do falecido ex-árbitro Dulcídio Wanderley Boschilia), Bruno Pires, Danilo Simon Manis e Rodrigo Figueiredo.
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