O Mundo É uma Bola

O Mundo É uma Bola - Luís Curro
Luís Curro

Com três zagueiros, Tite resolveria problema das laterais na seleção

Treinador tem alternativa, à la Holanda, para Brasil se acertar na Copa mesmo sem Danilo e os dois Alex, Sandro e Telles

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São Paulo

O treinador da seleção brasileira, Tite, deve estar lamentando o azar que tem tido com o elenco durante a Copa do Qatar.

Primeiro, no jogo da estreia, contra a Sérvia, perdeu Neymar, o melhor jogador do time, e o lateral direito Danilo.

Contusões no tornozelo tiraram de cena o camisa 10, que chegara ao Oriente Médio em grande forma, e o camisa 2. Eles não puderam atuar nem contra a Suíça nem contra Camarões.

Com a mão direita no lado esquerdo do peito, Danilo e Neymar, fora do jogo por contusão, cantam o hino do Brasil antes da partida contra Camarões na Copa do Qatar
Danilo e Neymar (dir.), fora do jogo por contusão, cantam o hino do Brasil antes da partida contra Camarões na Copa do Qatar - Paul Childs - 2.dez.2022/Reuters

Depois, na partida diante dos suíços, quem se machucou foi o titular da lateral esquerda, Alex Sandro, lesionado no quadril. Ele deve ficar fora até, pelo menos, as quartas de final, caso a seleção chegue lá.

No terceiro jogo, o derradeiro na fase de grupos, Tite, com o Brasil já classificado, mandou a campo os reservas. A bruxa continuou solta, e houve mais duas baixas: Alex Telles (substituto imediato de Alex Sandro) e o atacante Gabriel Jesus, titular na Copa da Rússia, em 2018.

Os casos de Telles e Jesus são mais graves (joelho, ambos), e eles não se recuperarão a tempo de voltar a jogar até o fim da Copa do Mundo, cuja decisão é daqui a duas semanas, no dia 18 de dezembro, um domingo.

Cinco contusões, duas sérias e três nem tanto, no intervalo de oito dias são para se benzer, para bater na madeira, para acender uma vela.

O Brasil é a seleção que, durante a Copa, mais jogadores perdeu por lesão. E, iniciado o Mundial, não é mais permitido, pelas regras da Fifa, chamar atletas fora da lista dos 26 convocados.

Deitano no gramado, Alex Telles geme depois da lesão no joelho direito na partida do Brasil contra Camarões no estádio de Lusail, no Qatar, na Copa do Mundo
Alex Telles sente dor depois da lesão no joelho direito na partida do Brasil contra Camarões no estádio de Lusail, no Qatar - Issouf Sanogo - 2.dez.2022/AFP

Assim, o Brasil vai com dois a menos até o fim de sua participação, que pode ser nesta segunda-feira (5), nas oitavas de final contra a Coreia do Sul, ou não –espera-se que não, pois, desde que Brasil e Coreia duelam no futebol, sempre os brasileiros foram superiores.

Só que, como o futebol tem ficado a cada ano, a cada mês e até a cada dia menos desigual, e como as surpresas estão aparecendo em intervalos regulares no Qatar (Arábia Saudita ganhando da Argentina, Japão ganhando de Alemanha e Espanha, Marrocos ganhando da Bélgica...), é bom não bobear nem por um minuto.

Nesse cenário de "zebra solta" e de problemas físicos, a situação mais preocupante para Tite parece ser nas laterais. Danilo, pelas notícias mais recentes, está bem melhor (assim como Neymar) e deve ter condição de encarar Son Heung-min e companhia.

Mas em que estado físico? Não 100%, e nenhum treinador gosta de escalar um atleta fora da sua melhor forma.

Para complicar, a recuperação de Alex Sandro estava mais lenta, e escalá-lo seria imprudente. Na lateral esquerda, Tite não tem mais ninguém. Teria de improvisar, o que não é bom.

Diante de Camarões, quando Alex Telles saiu, quem entrou foi o zagueiro Marquinhos. Que é destro. Que não tem cacoete de lateral, muito menos esquerdo.

Resultado: os camaroneses atacaram pela direita, Marquinhos não chegou junto para evitar o cruzamento, Aboubakar mandou para as redes de Ederson. (Falharam também no lance os zagueiros Militão e Bremer, ao dar espaço para o centroavante.)

E agora? O Brasil está fadado a se dar mal, por falta de pé de obra na posição? Não necessariamente. Há uma solução fácil de ser implantada: mudar o esquema de dois para três zagueiros.

Fazendo isso, Tite resolve problemas sem tornar a equipe mais defensiva, pelo contrário.

Usando a camisa amarela da seleção brasileira com o número 14 na altura do peito, Éder MIlitão domina a bola contra a Suíça na Copa do Qatar
Éder MIlitão domina a bola contra a Suíça na Copa do Qatar; ele poderia formar um trio de zagueiros na seleção brasileira junto com Marquinhos e Thiago Silva - Anne-Christine Poujoulat - 28.nov.2022/AFP

Jogariam na zaga Militão, Thiago Silva e Marquinhos, teoricamente número suficiente para conter os contra-ataques em velocidade da Coreia.

Os laterais se tornariam alas (Daniel Alves, que não marca muito bem, pela direita, e o canhoto Lucas Paquetá, meia de origem, pela esquerda), com a missão primordial de atacar quando o Brasil tiver a bola e de congestionar o meio-campo quando estiver sem ela.

O resto pouco muda. Casemiro na contenção, Neymar (que deve ser escalado) na criação pelo meio, Raphinha e Vinicius Junior nas pontas, Richarlison como centroavante. Fred sai do time.

A Holanda, com três zagueiros e os alas soltos e atacando muito, está invicta e chegou às quartas de final com exibição muito boa contra os EUA. É um exemplo atual de sucesso.

Porém Tite, é quase certo, não usará três zagueiros. O técnico é adepto historicamente da formação com quatro homens atrás e não deve nem ter treinado o esquema que pode ser a solução do seu problema.

De todo modo, o que não é adequado é Marquinhos na lateral esquerda. Com ele ali, o Brasil perde um excelente zagueiro e ganha(?) um lateral medíocre.

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