Políticas e Justiça

Editado por Michael França, escrito por acadêmicos, gestores e formadores de opinião

Políticas e Justiça - Michael França
Michael França
Descrição de chapéu Vida Pública Fies Enem

Educação pública e desafios para as carreiras do futuro

Soft skills, e-learning, revolução 4.0: como isso afeta diretamente a educação de alunos vulneráveis e periféricos da rede pública de ensino

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Kelly Baptista

Diretora executiva da Fundação 1Bi, gestora pública, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann e do conselho Despertar, CMOV e Cruzando Histórias

O ano de 2023 tem se firmado com novas tendências para a educação: ensino híbrido, educação socioemocional, e-learning e microlearning, personalização do ensino, AI, entre outras, mas será que isso se aplica a toda população estudantil brasileira? As escolas de zonas periféricas e rurais estão prontas para este novo contexto?

Batizada também de 4ª Revolução Industrial, esse fenômeno está mudando, em grande escala, a automação e a troca de dados, bem como as etapas de produção e os modelos de negócios, por meio do uso de máquinas e computadores. Inovação, eficiência e customização são as palavras-chave para definir o conceito de Indústria 4.0, essa revolução também afeta as maneiras de aprender e ensinar.

Além disso, com as novas tecnologias, 50% dos empregos e das formas de trabalho podem ser afetados, somado a pandemia da Covid-19 e seu isolamento social, isso foi intensificado, sendo assim, as salas de aula precisaram se adaptar à habilidades de autoaprendizagem e competências socioemocionais.

Kelly Baptista é mãe e gestora pública, membro da Rede de Líderes Fundação Lemann - Divulgação

Conforme um levantamento encomendado pela Fundação Lemann ao Centro de Aprendizagem em Avaliação e Resultados para o Brasil e a África Lusófona (Clear), vinculado à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV EESP), observando o cenário de fechamento das escolas durante a pandemia, os anos finais do ensino fundamental e ensino médio foram os mais impactados, com destaque para os estudantes do sexo masculino, pardos, negros e indígenas, com mães que não finalizaram o ensino fundamental.

E a saúde mental dos brasileiros e a acessibilidade digital?

O Brasil é considerado o país mais ansioso do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), com 11,5 milhões de pessoas diagnosticadas com depressão. Uma pesquisa da Unicef revelou ainda que 35% dos jovens se consideram ansiosos e, dentre os entrevistados, a metade sentiu necessidade de pedir ajuda em relação à saúde mental, mas 40% deles não recorreram a ninguém.

O Fórum Econômico Mundial estabeleceu as características essenciais aos profissionais da nova década —as habilidades do futuro. Essas soft skills abarcam as novas demandas sociais, o modo de vida da sociedade contemporânea e as novas perspectivas de trabalho, dentre elas destaco habilidades como: pensamento crítico, resolução de problemas, gestão de pessoas e criatividade têm sido muito mais valorizadas.

Companhias querem colaboradores com "senso de dono" que entendam como tomar decisões difíceis e mostrar suas habilidades de liderança, sendo assim é possível mapear três de algumas das principais tendências para este ano.

Mas o que fazer para que essas habilidades, somadas com novas tecnologias, abracem alunos em situação de vulnerabilidade? Sabemos que os jovens excluídos no mundo do trabalho e ameaçados pela destruição de empregos, que se vislumbra cada vez mais com o avanço acelerado das tecnologias digitais, têm cor e classe social bem definidas: são pobres e negros.

Sendo assim, ter políticas públicas que ofereçam oportunidades para esta juventude é pauta prioritária e uma das formas mais potentes de resolução é incluir digitalmente esses jovens. A precariedade, a falta de espaço para estudos e a falta de renda diminuem a capacidade de aprendizagem e isso impactará diretamente no futuro e na diversidade do mercado de trabalho, em especial para cargos mais altos.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Kelly Baptista foi "Tempos Difíceis", de Racionais Mc's.

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