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Saúde Mental - Sílvia Haidar
Sílvia Haidar
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Déficit de atenção ou distração? Entenda o TDAH em adultos

Não é só a dificuldade para se concentrar que caracteriza o transtorno

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São Paulo

Ser uma pessoa distraída é o suficiente para receber o diagnóstico de TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)?

Não é apenas a dificuldade para se concentrar em algumas tarefas que caracteriza a condição, explica a bióloga e neurocientista Lívia Ciacci, palestrante do Método Supera, de ginástica para o cérebro.

"O transtorno do déficit de atenção é um transtorno neurobiológico que, diferentemente da distração, tem uma causa física por trás", ressalta Ciacci.

No cérebro de uma pessoa com TDAH, diz a especialista, existe uma alteração bioquímica nas regiões pré-frontal e pré-motora. Como a região frontal é quem regula o comportamento humano por meio do autocontrole, falhas na bioquímica dessa região levam às alterações de impulsos e inquietação.

Pessoas com déficit de atenção têm dificuldade para se concentrar em uma tarefa
Pessoas com déficit de atenção têm dificuldade para se concentrar em uma tarefa; a condição impacta a vida social e profissional - Renato Stockler/Folhapress

Essas alterações costumam se manifestar ainda na infância e se estendem pela vida adulta. O transtorno possui influência genética e é comum que várias pessoas da mesma família tenham a mesma doença.

"Diferentemente de alguém que se distrai porque foca a atenção na televisão, em algum barulho ou numa conversa paralela, a pessoa com TDAH se distrai porque além da sensibilidade aumentada ao ambiente, ela também tem um excesso de pensamentos na própria mente. Esse excesso de pensamentos somado à dificuldade de autocontrole gera o comportamento impulsivo e a dificuldade de focar em apenas um estímulo", conta Ciacci.

De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 4% da população mundial adulta convive com o transtorno de déficit de atenção. Só no Brasil, são 3 milhões de adultos com a condição.

O TDAH tem três sintomas mais marcantes: a falta de concentração, a impulsividade e a hiperatividade (excesso de energia), afirma Ciacci.

Entre as características comportamentais de uma pessoa com déficit de atenção estão agressividade, excitabilidade, hiperatividade, impulsividade, inquietação, irritabilidade e falta de moderação.

Dificuldade de concentração, esquecimento ou falta de atenção são alguns dos reflexos na cognição do paciente. Quanto ao humor, a pessoa pode apresentar ansiedade, depressão ou dificuldade de aprendizagem.

Os sintomas do TDAH causam confusão porque são coisas que todos nós já passamos, mesmo aqueles que não têm a alteração biológica no cérebro, mas a diferença para um diagnóstico está na frequência e na intensidade.

O risco de olhar superficialmente para essas características e se autodiagnosticar é acabar se apoiando em uma "desculpa" imaginária e deixar de se conhecer e evoluir, observa a neurocientista.

"Mesmo que a pessoa realmente tenha o transtorno, apenas se autodiagnosticar não vai garantir melhoria no desempenho ou nos relacionamentos. O tratamento deve seguir uma sequência de abordagens psicoterapêuticas, farmacológicas e principalmente de autoconhecimento e estruturação do ambiente para contornar as dificuldades naturais dessa forma de funcionamento. Tudo isso só será possível com ajuda médica e psicológica", ressalta.

Ainda segundo a especialista, até chegar ao diagnóstico correto é necessário resgatar a história de vida do indivíduo para entender como eram as características na infância e como foi o ambiente familiar.

Por isso é importante que a pessoa procure psicólogos e psiquiatras que entendam o transtorno e que vão dar a devida atenção ao histórico do paciente.

A maior dificuldade não é apenas identificar os sintomas, mas também entender como essa pessoa passou pela infância e adolescência com o transtorno, pois o tratamento adequado depende disso.

"Não basta receitar uma medicação. É preciso orientá-la quanto ao autoconhecimento, porque as crianças e adolescentes que crescem sem o diagnóstico correto tendem a ter uma baixa autoestima e um histórico de fracassos incompreendidos", alerta Ciacci.

A neurocientista elaborou uma lista com sintomas de TDAH em adultos, mas destaca que perceber esses não é o suficiente para denifir um diagnóstico. "Se você marcou mais de oito itens na lista, procure ajuda psicológica e psiquiátrica", indica.

Principais sinais de alerta para o TDAH em adultos

  • Dificuldade em organizar tarefas diárias e começar trabalhos antes do fim do prazo
  • Ser frequentemente desorganizado e perder objetos
  • Procrastinar ou ter dificuldade para concluir tarefas repetitivas
  • Começar a falar antes do fim de uma pergunta ou de uma resposta nas interações, interromper a fala dos outros
  • Distração e "sonhos acordados" constantes, a ponto de se perder no assunto de uma reunião
  • Quando tem um compromisso importante no dia, não conseguir fazer outras tarefas até o horário deste compromisso
  • Falhas de memória em sequência. Por exemplo, foi lavar a louça, parou porque lembrou da roupa e foi até a máquina de lavar, parou porque viu o lixo, levou o lixo para fora, voltou e foi ver televisão
  • Comportamento impulsivo, falar e agir sem medir consequências
  • Alterações muito rápidas de humor ou explosões de raiva por motivos pequenos
  • Se envolver em situações de alto risco em busca de estímulos fortes, como dirigir em alta velocidade ou praticar esportes radicais
  • Tendência a ser muito criativo e combinar informações facilmente
  • Histórico de problemas escolares na infância e na adolescência
  • Ter pessoas com diagnóstico na família

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