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Sons da Perifa - Jairo Malta
Jairo Malta
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Créditos e colonização cultural a diferença entre Beyoncé e Kanye West

Como os direitos autorais sublinham a importância do respeito às raízes culturais na indústria musical

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São Paulo

Em termos gerais, a colonização historicamente não se limitou à ocupação de territórios, mas também envolveu a apropriação cultural sem reconhecimento. Este fenômeno se reflete na música, exemplificado pelo caso de Beyoncé com "Spaghettii". A inclusão tardia de créditos a DJ Dede Mandrake gerou debate sobre ética na indústria, marcando um momento crucial sobre a valorização das influências culturais.

Paralelamente, temos o caso de Kanye West com "Vultures 1". Lançado em um período turbulento de sua carreira, o álbum representa sua retomada artística, agora na YZY. Contudo, o uso indevido de samples, como "Faz Macete 3.0" em "Paperwork" com participação do Ty Dolla $ign & Quavo, sem créditos adequados, contrastam com a abordagem de Beyoncé.

A cantora Beyoncé em ensaio do álbum 'Cowboy Carter', o oitavo de sua carreira
A cantora Beyoncé em ensaio de 'Cowboy Carter', seu oitavo álbum - Divulgação

Casos emblemáticos de plágio, como o incidente entre Rod Stewart e Jorge Ben Jor sobre "Da Ya Think I’m Sexy?" e "Taj Mahal", em 1979, e a semelhança entre "Maria Moita", do Carlos Lyra, e "Smoke on the Water" do Deep Purple, em 1972, ilustram a complexidade da propriedade intelectual. Estes exemplos destacam a importância do diálogo sobre créditos e respeito às origens.

A omissão de créditos por Kanye West destaca um dilema frequente na música: a tênue fronteira entre inspiração e apropriação. Essa negligência em atribuir o reconhecimento devido reflete práticas de colonização cultural, subvalorizando a arte de gêneros menos dominantes no mainstream, como o funk brasileiro e o afrobeat.

A globalização da música complica ainda mais este cenário. O intercâmbio cultural, apesar de enriquecedor, pode ser problemático sem o devido respeito e atribuição de méritos, perpetuando a marginalização dos criadores originais. Estes incidentes sublinham a urgência de repensar a ética na criação musical, especialmente em contextos onde os ritmos não refletem diretamente as origens e experiências dos seus interpretes. A troca cultural, essencial para a riqueza da música mundial, demanda transparência e um reconhecimento equitativo de todas as vozes envolvidas.

Emergem questões fundamentais sobre as práticas na indústria musical. Como cultivar uma cultura de inspiração recíproca que honre e atribua devidamente as origens artísticas? Como garantir o justo reconhecimento de todos os artistas por suas obras? Buscar essas respostas devem instigar a indústria, particularmente os artistas internacionais, a revisar suas condutas e valores. Simultaneamente, incentivam os músicos brasileiros a exigir mais do que as meras compensações simbólicas historicamente oferecidas pelos colonizadores.

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