Todas as letras

Diversidade afetiva, sexual e de gênero

Todas as letras - Renan Sukevicius
Renan Sukevicius
Descrição de chapéu LGBTQIA+

Você sabe qual é o seu pronome?

Pergunta viralizou nas redes sociais e expôs suposta ignorância

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Viralizou um vídeo mostrando influenciadores digitais e atores discutindo o gênero com o qual se identificam. "Qual o seu pronome?", pergunta a pessoa que entrevista. Os entrevistados, variados, respondem, também de formas variadas, e muitos parecem não saber o que é exatamente um pronome.

O vídeo é falso, foi montado pra "hitar", dizem uns. Olha o fundo do poço em que estamos, gente esclarecida sem saber o que significa um pronome, disseram outros. Pouco importa, neste caso, a motivação do vídeo, mas sim a discussão que ele propõe. O assunto é real. E permanente.

Me pergunto se entre a ideologia de gênero inventada pela extrema-direita e os vídeos supostamente de humor que são replicados na internet mora alguma preocupação legítima quanto ao letramento de gênero e de temas relacionados a sexualidade e afetividade.

De uns anos para cá, algumas pessoas têm colocado em suas identificações nas redes sociais os pronomes pelos quais preferem ser chamados. Ele/dele. Ela/dela. Elu/delu. Palavras importam, por isso chamo atenção para o uso de "preferem". Há quem ofereça opções. Vale ele e ela. Ou ela e elu. Enfim, possibilidades.

Há quem passe do ponto na militância, claro, e queira condenar os que derrapam na hora de se referir ao gênero de alguém. O cancelamento é sempre um fantasma que assombra as discussões sobre diversidade. Os sinais enviados mostram que a maioria dos erros no debate sobre sexualidade, gênero e afetividade que divergem do padrão heteronormativo são imperdoáveis. Na dúvida, é melhor não falar nada. "Meu gênero? Ah, sou Corinthians"!

E há quem erre de propósito, para irritar o interlocutor. O nome disso é preconceito, um preconceito recreativo. Entre a comunidade trans, não são incomuns os relatos de vítimas de ataques gratuitos. Por exemplo, se uma pessoa se apresenta como mulher, se parece com uma mulher, usa roupas ditas femininas, tem um nome considerado feminino no RG, por que ela deve ser chamada por pronomes masculinos? Pois é, acontece.

Mas, entre o "ferro e fogo" e a troça, há o caminho do meio, aquele da gente de verdade, vivendo sua vida, com dúvidas, aprendizados, pedidos de desculpas e recomeços. Há empresas hoje especializadas em treinamentos sobre diversidade, são muitos os manuais, alguns gratuitos. É papel das companhias e das escolas olhar para isso e propor mudanças, por exemplo.

E, no cotidiano, se não souber o pronome de alguém, a dica é perguntar: como eu posso me referir a você? Ou ainda: como você prefere que te chame?

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