Resgatar, procurar, dor, casa, parentes, cansaço, ajuda, rezar.
Essas são algumas das palavras ilustradas em uma prancha de CAA (comunicação aumentativa e alternativa) feita para apoiar vítimas das chuvas no litoral norte de São Paulo que tenham, permanente ou temporariamente, dificuldade de se expressar por meio da fala.
Em frente e verso, a prancha tem 46 pictogramas, uma escala de dor, o desenho do corpo, as letras do alfabeto e números. Foi produzida a partir de uma experiência anterior, de uma prancha com pictogramas focados em necessidades hospitalares, que apoiou pacientes com Covid-19.
A ideia é que as pranchas sejam distribuídas a hospitais e abrigos da região de São Sebastião.
"[Pode ter utilidade] para qualquer pessoa que tenha impedimento total ou parcial da comunicação pela fala, por uma condição de deficiência, autismo, por um pânico. Não importa quem chega. Havendo dificuldade de comunicação, a gente pode tentar favorecer essa ação pela prancha de comunicação", explicou ao blog Rita Bersch, diretora da Assistiva Tecnologia e Educação e integrante do conselho consultivo do capítulo brasileiro da ISAAC (International Society for Augmentative and Alternative Communication).
A prancha para as vítimas das chuvas é assinada pela ISAAC, a Assistiva e a Com Acesso (UFRGS). A iniciativa ainda envolveu a Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que repassou o material para a Secretaria da Pessoa com Deficiência e do Idoso de São Sebastião.
"O uso da CAA em abrigos e hospitais deveria ser corriqueiro, e não só restrito a situações de emergência como a que estamos enfrentando. É uma ferramenta barata e que pode aumentar a qualidade do atendimento para pacientes e para enfermeiros, médicos e demais funcionários da saúde e assistência social", diz a deputada estadual Andréa Werner, mãe de um adolescente autista, também envolvida na ação.
Segundo a ISAAC, a comunicação alternativa "envolve um conjunto de ferramentas e estratégias utilizadas para resolver desafios cotidianos de comunicação de pessoas que apresentam algum tipo de comprometimento da linguagem oral, na produção de sentidos e na interação". Isso inclui, por exemplo, gestos, apontar para símbolos gráficos no papel ou no tablet, e encadear símbolos formando frases.
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