Tráfico. Desmatamento. Massacre.
A Amazônia é do Brasil.
Um caso choca a opinião internacional.
Em seu gabinete, o general Perácio consultava os relatórios.
–É uma dupla sertaneja?
Não.
Um indigenista brasileiro e um repórter britânico.
–Mas o que é que eles estavam fazendo na Amazônia?
Perácio tomava um gole de chá.
–Ali é nosso território.
O assessor Guarany ficou em dúvida.
–Nosso… de quem?
A mão de granito fez estrondo sobre a mesa de jacarandá.
–Do Exército, caceta.
–Mas, general…
Perácio se exaltava.
–Pensa que soldado não desaparece por lá também?
–É, general, pode ser…
–Aquilo é uma selva, Guarany.
–Ainda?
–Infelizmente.
Perácio mostrava mapas e planilhas.
–O meu sobrinho. O major Augusto.
–O que é que tem?
–Um dia, saiu do quartel… e nunca mais voltou.
–Na Amazônia?
–Sim.
–Mataram ele?
A história não era tão trágica.
–Foi contratado para fazer segurança numa mineradora.
Perácio tomou mais um gole de chá.
–Ficou rico.
–Bom para ele, né, general.
O segundo tapa explodiu sobre o tampo de madeira.
–E ruim para o nosso Exército, Guarany.
O assessor criou coragem.
–É que o pagamento que a gente recebe… nem sempre é o ideal…
–E ainda reclamam da gente.
–Injustiça, né, general.
–Queria saber quanto ganha esse repórter para ficar lá enchendo o saco.
O telefone tocou.
A linha de inteligência secreta precisava de instruções.
–Onde é que a gente enterra aqueles dois?
O general Perácio suspirou.
–Quanta burrice. A Amazônia é grande, pô.
Onças. Piranhas. Igarapés.
–Deixa que a natureza se encarrega, rapaz.
Perácio desligou o telefone.
–Depois dizem que a gente é contra a ecologia.
Para alguns militares, o meio ambiente oferece preciosas lições.
Os gorilas não tem dúvida.
Vale a lei do mais forte.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.