Números. Estatísticas. Projeções.
Não há descanso para os institutos de pesquisa.
Alguns bolsonaristas se preocupam.
—Nosso presidente é imbrochável...
—Mas não sobe.
Era necessário fazer alguma coisa.
O general Perácio analisava as alternativas.
—Antes de mais nada, a gente contesta as urnas eletrônicas.
O assessor Guarany respirou fundo para tomar coragem.
—Sabe, general...
—O quê?
—Quando saírem os resultados das urnas, fica difícil virar o jogo.
—Pois é. Eu sempre disse isso.
—E há certas rejeições à ideia de uma intervenção armada...
—Ah, é? Onde você viu isso?
—É uma pesquisa, general.
A irritação de Perácio estava crescendo.
—Primeiro, dizem que o Lula ganha... agora, dizem que a gente não pode agir. É isso?
—Positivo, general. Em linhas gerais.
A mão de granito explodiu sobre o tampo da mesa de jacarandá.
—Afinal, de que lado eles estão?
—He, he, do nosso é que não, general.
A ideia veio na mente de Perácio como um raio num céu cinzento.
—Alguém foi nesses institutos?
—Bem, general...
—Examinaram os computadores dessa gente?
—Bom, aí...
Perácio elaborou rapidamente um documento oficial.
—Manda para o nosso setor de inteligência e estatística.
—Positivo, general.
—Não basta examinar as urnas. Não basta.
Ele já estava gritando.
—Vamos examinar as pesquisas também.
—Mas a gente pode entrar nesses institutos?
O tapa mais uma vez castigou a mesa de trabalho.
—Manda dois pelotões e o destacamento tático blindado.
Perácio se lembrou de um último detalhe.
—Se surgir alguma dúvida técnica...
—Sim, general?
—Chama o Pazuello.
—Competência comprovada, né, general.
A tarde foi caindo em silêncio sobre a Esplanada dos Ministérios.
Computadores e estatísticas são um desafio à inteligência de qualquer pessoa.
Mas para quem entende de cloroquina tudo isso é café pequeno.
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