Descrição de chapéu Bloomberg Rússia China

Rússia e China avaliam instalar usina nuclear na Lua, diz chefe de agência espacial

Yuri Borisov mencionou a possibilidade durante palestra a estudantes nesta terça (5)

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Bloomberg e Reuters

O chefe da agência espacial da Rússia disse que o país avalia com a China a possibilidade de instalar uma usina nuclear na Lua entre 2033 e 2035. A estrutura, segundo ele, permitiria a construção de assentamentos lunares no futuro.

"Hoje, estamos considerando seriamente esse projeto —em algum momento entre 2033 e 2035— para entregar e instalar uma unidade de energia na superfície lunar junto com nossos colegas chineses ", disse Yuri Borisov, diretor-geral da Roscosmos, durante palestra nesta terça-feira (5) para estudantes.

Borisov, ex-vice-ministro da Defesa, afirmou que os dois países trabalham em conjunto em um programa lunar e que Moscou pode contribuir com sua expertise em energia espacial nuclear.

Registro da superfície lunar feito durante a missão Apollo, dos EUA, em 1972 - Nasa/Reuters

Ainda segundo ele, painéis solares não seriam capazes de fornecer eletricidade suficiente para alimentar futuros assentamentos lunares, diferentemente da energia nuclear.

Ele afirmou que a usina precisaria ser construída por robôs. "Esse é um desafio muito sério... Deveria ser feito em modo automático, sem a presença de humanos", afirmou.

Em 2021, Rússia e China apresentaram um plano para construir uma estação científica no satélite até o fim de 2035.

De acordo com um relatório do serviço de notícias Tass, o projeto inclui o uso de rovers para pesquisa, um robô e vários minirrovers inteligentes projetados para explorar a superfície lunar.

Há precedente para o uso de energia nuclear em missões espaciais e em outras áreas remotas da Terra.

Os Estados Unidos têm utilizado plutônio-238 como fonte de energia para computadores, instrumentos científicos e outros equipamentos em mais de duas dezenas de missões espaciais, de acordo com a Nasa. A Rússia tem recorrido a outro material radioativo para alimentar faróis remotos e submarinos nucleares.

Na palestra, Borisov também disse que a Rússia se opõe ao uso de armas nucleares no espaço, reforçando o posicionamento de Vladimir Putin, que negou anteriormente as alegações dos EUA sobre os possíveis planos do Kremlin para ter esse tipo de arma.

"É claro que o espaço deve ser livre de armas nucleares", disse Borisov, de acordo com a Interfax.

Outro ponto abordado pelo chefe da agência russa foi o plano de construir uma nave espacial movida a energia nuclear. Segundo ele, todas as questões técnicas relacionadas ao projeto foram resolvidas, exceto encontrar uma solução sobre como resfriar o reator nuclear.

"Estamos de fato trabalhando em um rebocador espacial. Essa estrutura seria capaz, graças a um reator nuclear e turbinas de alta potência, de transportar grandes cargas de uma órbita para outra, de coletar detritos espaciais e de se envolver em muitas outras aplicações", disse Borisov.

Autoridades russas já mencionaram planos ambiciosos de um dia minerar na Lua, mas o programa espacial do país sofreu uma série de contratempos nos últimos anos.

Sua primeira missão lunar em 47 anos falhou depois que a espaçonave Luna-25 perdeu o controle e caiu.

Moscou disse que lançará mais missões lunares e depois explorará a possibilidade de uma missão tripulada conjunta Rússia-China e até mesmo uma base lunar.

No mês passado, a China disse que pretende colocar o primeiro astronauta do país na Lua antes de 2030.

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