Descrição de chapéu The New York Times África

Máscaras mortuárias do antigo Egito encontram vida após a morte

Arqueólogos trabalhando em Saqqara desenterraram três peças com pelo menos 1.800 anos

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Franz Lidz
The New York Times

Quando se tratava da arriscada jornada para a vida após a morte, os cidadãos mais abastados do antigo Egito não arriscavam. Em elaboradas cerimônias funerárias, feitiços protetores eram invocados, sarcófagos, recheados de amuletos, e os rostos dos mortos, cobertos com máscaras mortuárias projetadas para guiar os espíritos dos restos mumificados para o próximo mundo —um campo plácido de juncos— e então de volta ao seu local de descanso final no corpo.

Recentemente, uma expedição de arqueólogos japoneses e egípcios desenterrou três dessas máscaras em uma série de túmulos escavados nas rochas nas falésias de Saqqara, um local de sepultamento central da capital faraônica de Mênfis. Nos textos do Novo Reino, um período que abrange de 1550 a.C. a 1070 a.C., uma máscara colocada sobre a cabeça de uma múmia era chamada de sukhet, significando "ovo", e às vezes "tep en seshta", significando "cabeça de segredos" ou "cabeça de mistérios".

Máscara sobre fundo escuro
Uma máscara mortuária achada na escavação no norte de Saqqara, no Egito - Kanazawa University via The New York Times

Foy Scalf, egiptólogo da Universidade de Chicago, disse que o "segredo" ou "mistério" era um eufemismo para a múmia em si, que, após a mumificação e ritos apropriados, adquiria uma natureza especial. Em casos de danos físicos, uma cobertura facial ajudava a preservar a cabeça e fornecia uma semelhança idealizada permanente do falecido.

As máscaras, fabricadas por artesãos em oficinas, não seriam baratas. Kara Cooney, professora de arte e arquitetura egípcia na UCLA (Universidade Califórnia, Los Angeles), disse que embora as máscaras nem sempre fossem feitas de materiais caros, os pigmentos e a mão de obra eram caros, e a maioria dos camponeses trabalhadores não teria renda disponível para adquiri-las.

Mas Scalf disse que o grande número de máscaras que sobreviveram sugeria que elas não eram restritas às elites. "Não acho que seria surpreendente se até 35% da população tivesse meios para adquiri-las", disse ele.

Uma das máscaras de Saqqara recém-descobertas foi encontrada fora de uma catacumba greco-romana descoberta em 2019. Feita de argila, ela foi encaixada acima de um crânio humano e cercada por fragmentos de uma peruca estriada.

"O esquema de cores da peruca indica a datação da Época Baixa e do Período Ptolemaico, aproximadamente de 713 a.C. a 30 a.C.", disse Nozomu Kawai, arqueólogo da Universidade de Kanazawa no Japão e líder da expedição.

As outras duas máscaras foram encontradas dentro da catacumba junto com figurinhas de terracota de Ísis-Afrodite —a deusa do parto e renascimento— e seu filho Harpócrates, a versão grega de Hórus, o deus egípcio do silêncio que podia se proteger de doenças e morte.

"Com a alta mortalidade infantil, pode-se imaginar que Harpócrates era especialmente reverenciado", disse Cooney.

As duas máscaras foram rastreadas até o século 2 d.C., época em que o Egito era uma província imperial do Império Romano. Ambas as máscaras foram moldadas em cartonagem, um material semelhante ao papel machê que é criado mergulhando tiras de linho ou antigos rolos de papiro em uma pasta e colocando-os sobre um molde de madeira ou a própria cabeça de uma múmia. As máscaras eram então cobertas com uma fina camada de gesso e pintadas de dourado, que se acredita ser a cor da carne dos deuses e um tom eterno e indestrutível.

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