Casa Branca pede à Nasa plano para criar padrão de tempo para a Lua

LTC, na sigla em em inglês, pode facilitar missões e ajudar a gerenciar a logística do comércio lunar

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Joey Roulette Will Dunham
Washington | Reuters

A Casa Branca solicitou nesta terça-feira (2) à Nasa um plano para estabelecer um padrão unificado de tempo para a Lua e para outros corpos celestes. O pedido é feito em meio a uma nova corrida lunar, envolvendo nações e empresas privadas.

De acordo com um memorando visto pela Reuters, a chefe do Escritório de Política de Ciência e Tecnologia da Casa Branca (OSTP, na sigla em inglês), Arati Prabhakar, instruiu a agência espacial a trabalhar com outras áreas do governo americano para elaborar um plano até o final de 2026 para criar o Tempo Lunar Coordenado (LTC, na sigla em inglês).

A força gravitacional diferente e potencialmente fatores adicionais na Lua e em outros corpos celestes mudam como o tempo transcorre em relação a como é percebido na Terra. Se tirado do papel, o LTC pode virar referência para espaçonaves e satélites que requerem extrema precisão para suas missões.

A Lua em registro registro pelo astronauta Randy Bresnik, da Nasa, a partir da Estação Espacial Internacional - Reuters

"O mesmo relógio que temos na Terra se moveria em em ritmo diferente na Lua", disse Kevin Coggins, chefe de comunicações espaciais e navegação da Nasa.

Conforme o memorando da chefe do OSTP, para uma pessoa na Lua, um relógio baseado na Terra aparentemente teria de perder 58,7 microssegundos em média por dia terrestre e haveria outras variações periódicas que fariam o tempo lunar se afastar ainda mais do tempo terrestre.

"Pense nos relógios atômicos no Observatório Naval dos EUA (em Washington). Eles são o coração pulsante da nação, sincronizando tudo. Você quer um batimento cardíaco na Lua", disse Coggins.

Com o programa Artemis, a Nasa planeja enviar missões para a Lua nos próximos anos e estabelecer no satélite uma base científica que poderia ajudar a preparar o terreno para viagens a Marte.

Um integrante do OSTP disse que, sem um padrão de tempo lunar unificado, seria desafiador garantir que as transferências de dados entre espaçonaves sejam seguras e que as comunicações entre a Terra, satélites lunares, bases e astronautas estejam sincronizadas.

Além disso, discrepâncias de tempo levariam a erros no mapeamento e na localização de posições na Lua ou em órbita.

Na Terra, a maioria dos relógios e fusos horários são baseados no Tempo Universal Coordenado, ou UTC. Esse padrão, internacionalmente reconhecido, depende de uma vasta rede global de relógios atômicos colocados em diferentes locais ao redor do mundo. Eles medem mudanças no estado dos átomos e geram uma média que, no final, compõe um tempo preciso.

A implantação de relógios atômicos na superfície lunar pode ser necessária, de acordo com um integrante do OSTP.

Ainda segundo essa mesma pessoa, à medida que as atividades comerciais se expandem para a Lua, um padrão de tempo unificado seria essencial para coordenar operações, garantir a confiabilidade das transações e gerenciar a logística do comércio lunar.

"A liderança dos EUA na definição de um padrão adequado —um que alcance a precisão e a resiliência necessárias para operar no desafiador ambiente lunar— beneficiará todas as nações espaciais", diz trecho do memorando do OSTP.

Para ser posto em prática, o Tempo Lunar Coordenado exigirá acordos internacionais, segundo o memorando, por meio de "organismos de padronização existentes" e entre os 36 países que assinaram os Acordos Atermis, que envolve termos sobre como os países agem no espaço e na Lua. China e Rússia, os dois principais rivais dos EUA no espaço, não assinaram esse acordos.

Embora os Estados Unidos sejam o único país a ter colocado astronautas na Lua, outros têm ambições lunares, como os potenciais recursos minerais do satélite.

A China disse, no ano passado, que pretende colocar seus primeiros astronautas na Lua até 2030. A Índia, que no ano passado se tornou o primeiro país a alunissar perto do polo sul, anunciou planos para enviar um astronauta ao satélite até 2040.

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