Em virtude da explosão da variante ômicron, do surto de influenza e da dupla infecção, as prefeituras de Rio, São Paulo, Salvador e Recife decidiram cancelar o Carnaval de rua. Pelo segundo ano consecutivo, não haverá multidão espremida nas quatro principais praças carnavalescas do país. Será?
Eduardo Paes havia desistido do Réveillon, mas voltou atrás. Optou por uma festa "controlada", reduzindo o transporte até Copacabana. Segundo o repórter Ruben Berta, o custo para os cofres públicos atingiu R$ 13,3 milhões. Na Ilha do Governador, Sepetiba, Piscinão de Ramos, Parque Madureira e Igreja da Penha, a queima de fogos custou bem menos: R$ 520 mil. Com chuva fina, as areias de Copa viram o menor público dos últimos anos. Mesmo assim a praia encheu. Ninguém precisou mostrar comprovante de vacina, uma operação impossível ali. Quatro pessoas foram esfaqueadas, e a vida (e a Covid) seguiu.
A solução do controle, entretanto, venceu, estabelecendo uma linha difusa que ora permite a brincadeira, ora a proíbe. Uma realidade paralela e privilegiada que nada tem a ver com saúde; é negócio.
Blocos poderão ocupar espaços alternativos – o Parque Olímpico, por exemplo –, com exigência de passaporte vacinal e testes feitos na hora, protocolo obrigatório no Sambódromo, onde o desfile das escolas está confirmado. Com a mesma regra, bailes e shows particulares ou com cobrança de ingressos estão liberados. Não importa o ambiente: fechado ou a céu aberto.
Reforçando o conceito de folia vigiada, os empresários do setor do entretenimento defendem que o poder público deve se planejar para coibir festas e blocos sem autorização. Nada dizem sobre o rigor na fiscalização de vacinados e testados. A historiadora Eneida de Moraes afirmava que o Carnaval vive em constante mutação, como um vírus. Mas a ponto de se transformar numa festa contida? O couro do tamborim vai comer. O pau também.
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