Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Alvaro Costa e Silva
Descrição de chapéu Natal

Os filhos musicais de Papai Noel

Nem só de Simone vive o rico cancioneiro natalino no Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Uma das histórias mais tristes das quase sempre tristes noites de Natal envolve o autor de "Boas Festas". Nem o biógrafo Gonçalo Junior, que escreveu o excelente "Quem Samba Tem Alegria: A Vida e o Tempo de Assis Valente", descobriu o que ele fazia num quarto de pensão em Niterói, na véspera de 25 de dezembro de 1932, tendo como única companhia a ilustração de uma bailarina na folhinha do calendário.

A fossa era profunda, e Assis Valente deve ter se lembrado da infância difícil no interior da Bahia, sem presentes nem brinquedos, ao ter a inspiração para os primeiros versos: "Anoiteceu, o sino gemeu/ E a gente ficou feliz a rezar/ Papai Noel, vê se você tem/ A felicidade pra você me dar". E o refrão revelador de seu estado de angústia: "Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel".

O compositor Assis Valente - Wikimedia Commons

Lançada por Carlos Galhardo em 1933 e depois regravada (por sugestão de João Gilberto) pelos Novos Baianos em 1970, "Boas Festas" é a mais popular canção natalina brasileira. É também a melhor, mas longe de ser a única. E não estou falando de "Então é Natal" —a versão de "Happy Xmas (War is Over)", composta por John Lennon—, que tem o dom de anualmente ressuscitar a cantora Simone.

Entusiasta do gênero, o historiador Luiz Antonio Simas é capaz de esquecer o peru e o vinho e passar toda a ceia cantando para os amigos "Amargo Presente", samba-canção de Cartola interpretado por Beth Carvalho, "Meu Natal", um Lupicínio Rodrigues na voz de Jamelão, ou mesmo "Tão Bom que Foi o Natal", de Chico Buarque, raridade oferecida num compacto aos clientes da imobiliária Clineu Rocha, em 1967.

Para alimentar a tristeza —tão essencial à data quanto a rabanada — costumo ouvir "Meu Velho Amigo", esquecida valsa de Baden Powell com letra de Vinicius de Moraes, que pergunta: "Meu velho amigo/ Por que foste embora? / Desde que tu partiste/ O meu Natal é triste/ Triste e sem aurora".

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.