Alvaro Costa e Silva

Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

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Alvaro Costa e Silva

Concreto para salvar o Centro do Rio

Prefeitura propõe edificar sem limite de altura

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Abandonado, sem atividade comercial ou empresarial, sem gente nas ruas mumificadas, o Centro do Rio vai renascer no Carnaval. A avenida Presidente Antônio Carlos —antes um formigueiro de automóveis e atualmente com as pistas desertas— foi escolhida para ser o principal palco da festa. Serão oito desfiles de megablocos, entre os quais o Cordão da Bola Preta, com público estimado em 3,2 milhões de pessoas. Aproveitem. Na Quarta-Feira de Cinzas a região volta ao estado de ruína e solidão.

Desfile do Cordão do Bola Preta em 2018, quando o grupo completou cem anos
Desfile do Cordão da Bola Preta em 2018, quando o grupo completou cem anos - Riotur

Em 2021, quando foi sancionado o projeto Reviver Centro, o imponente prédio do antigo Automóvel Clube do Brasil, na rua do Passeio, foi apontado como símbolo da mudança. Degradado e alvo de invasões havia 20 anos, ali funcionaria um moderno hostel. Hoje o edifício continua em frangalhos e a promessa é outra: reforma de R$ 37 milhões para abrigar um hub de energia.

Antiga sede do Automóvel Clube do Brasil, em foto de 2011 - Rafael Andrade - 21.jun.11/Folhapress


Hub (aprendi) é um velho e bom centro comercial, que oferece diversos produtos e serviços. Energia é o que falta à Prefeitura do Rio. O programa de atrair moradores para o Centro está em vigor há quase dois anos, mas não deu resultado. Apenas as transformações mais sofisticadas e elitistas conseguiram sair do papel.

Diante da urgência, Eduardo Paes prepara um pacote de novas medidas para enviar à Câmara Municipal. A ideia é seduzir ainda mais o setor imobiliário, aumentando a especulação na área central e, de lambuja, na cobiçada Zona Sul da cidade. Prevê flexibilização de gabaritos ou gabaritos sem limite de altura, isenção de impostos e um mecanismo conhecido como "operação interligada", segundo o qual quem construir ou reformar imóveis no Centro receberá um espécie de bônus para executar projetos em outros bairros: Glória, Botafogo, Lagoa e parte da Barra da Tijuca.

Para uma prefeitura que põe concreto na areia da praia a fim de reduzir os danos provocados pelas ressacas na orla, faz todo o sentido.

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