Não deu praia no feriado, mas o carioca sobreviveu a mais um Dia de São Sebastião. A quadra da Portela (escola cuja bateria tem a proteção do santo) encheu na hora da alvorada de fogos, da missa e da feijoada.
No meio da tarde, apesar do calor absurdo e da ameaça de temporal, foi a vez do concerto de piano no meio da rua do Ouvidor em homenagem ao padroeiro e ao aniversário de 25 anos da livraria Folha Seca.
De acordo com a tradição, o mártir flechado —que foi uma espécie de espião a favor do cristianismo nos tempos do imperador Diocleciano e hoje virou estampa da cultura gay— teria aparecido de espada na mão para lutar ao lado dos portugueses e dos temiminós na batalha final de 20 de janeiro de 1565 contra os franceses e os tupinambás pela posse do Rio de Janeiro. Na cidade, são Sebastião só perde em prestígio para são Jorge, que inspira tatuagens, camisas e medalhas de ouro.
O santo guerreiro é patrono dos ferreiros, dos barbeiros e dos fazedores de faca —o que favoreceu, segundo o historiador Luiz Antonio Simas, o entrecruzamento entre são Jorge e o orixá Ogum, que também é ligado à metalurgia. "É o protetor dos apontadores do jogo do bicho, está presente nas bandeiras de clubes de futebol, protege quadras de escolas de samba, prostíbulos e balcões de botequim", diz Simas.
Correndo por fora na preferência local, vem santo Antônio, o casamenteiro cujo convento fica no largo da Carioca. Existem ainda os mais ortodoxos (e musicais), que só rezam para são Pinguinha.
As opções podem crescer em 2023. O Vaticano analisa o processo de beatificação de cinco cariocas. Odetinha, menina de Botafogo que se dedicava à caridade e morreu aos nove anos, é a candidata mais forte. Com boas chances estão um frei tijucano, um seminarista e surfista que se afogou no Recreio dos Bandeirantes e um casal que lutou contra a escravidão. Santo, particularmente no Rio, nunca é demais.
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