A Universidade Federal do Rio Grande do Sul tomou uma decisão histórica e de grande impacto social: expulsou um aluno racista. Por meio da Portaria 4.001, em meados de julho o reitor Carlos André Bulhões Mendes desligou Álvaro Körbes Hauschild, doutorando em filosofia, indiciado por crime de racismo qualificado pela Polícia Civil. O caso também foi remetido à Polícia Federal.
Muito justo. Afinal, o ambiente acadêmico não pode compactuar com um crime e não deve se omitir frente à ideia de superioridade ou supremacia racial. Na verdade, vale para todo lugar do planeta.
Na origem da decisão estão mensagens enviadas por Hauschild assediando a psicóloga Amanda Klimick, que é branca e namora o estudante negro Sérgio Renato da Silva, discente da UFRGS. Nelas, segundo o inquérito, o ex-doutorando proferiu absurdos diversos.
Afirmou que negros exalam "um cheiro típico", "têm o cérebro programado para fazer o máximo de filhos que puder" e "possuem características genéticas diferentes". Ele também redigiu mensagens que negam o extermínio de judeus durante a 2ª Guerra.
Com o desligamento —festejado pelo Centro Acadêmico de Políticas Públicas e pelos diretórios estudantis da universidade, que se mobilizaram pela punição—, a reitoria dá um recado claro e importante: racistas não permanecerão.
Chamo atenção para o sul brasileiro, onde o perfil demográfico torna a desigualdade racial ainda mais evidente. Informações da Secretaria da Segurança Pública do RS dão conta de que a criminalidade no estado vem caindo. Porém o número de casos de racismo e de injúria racial não para de crescer: aumentou 25% em 2021.
O Rio Grande do Sul responde por cerca de 68% dos registros de racismo e injúria racial do país. As situações acontecem geralmente no ambiente de trabalho ou envolvendo vizinhança, colegas e "amigos", segundo a delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre. Dá o que pensar.
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