Ana Cristina Rosa

Jornalista especializada em comunicação pública e vice-presidente de gestão e parcerias da Associação Brasileira de Comunicação Pública (ABCPública)

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Ana Cristina Rosa

Uma voz das ruas

Na largada da campanha eleitoral, candidatos ignoram a questão do racismo

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Na largada da campanha eleitoral à Presidência da República —incluídas as entrevistas no principal telejornal do país com os quatro candidatos mais bem colocados na pesquisa Datafolha de intenção de votos—, mais uma vez ninguém quis colocar o dedo na ferida mais antiga do Brasil.

Apesar de casos escandalosos e vexatórios de atentados a direitos humanos (em especial ao direito à vida) em decorrência da aparência física das pessoas se tornarem públicos diariamente, a pauta racial não mereceu destaque. Foi tratada com desimportância. É como se sente uma senhora preta e esquálida que pedia esmola num dos semáforos do Distrito Federal dia desses: "Tô aqui porque não sou ninguém, sou uma pessoa sem importância".

A um desavisado, pode parecer incrível, porém o fenótipo ainda é elemento determinante tanto da qualidade quanto da preservação da vida no Brasil de 2022.

Policial pisa no pescoço de mulher negra e arrasta a vítima
Policial pisa no pescoço de mulher negra e arrasta a vítima - Reprodução/Twitter

Quem não soube da absolvição do PM que pisou no pescoço de uma mulher negra, que já estava rendida no chão, em Parelheiros, São Paulo? Ou da segunda detenção policial injusta do mesmo músico negro, no Rio de Janeiro, por conta de uma confusão de dados?

Vale registrar que, em suas propostas, três dos quatro candidatos que estão à frente nas pesquisas fazem menção a alguma ação afirmativa —como a manutenção das cotas nas universidades.

É evidente que a recuperação da economia é tema que se impõe e precisa de enorme atenção. Está entre as questões que mais afetam o dia a dia de todos. Sobretudo quando há milhões passando fome —mesmo que alguns se neguem a enxergar—, gente desempregada ou subempregada, sem teto, vivendo pelas ruas país afora, sem perspectiva de futuro.

O que não dá para compreender é como uma nação erguida a partir da escravização e do sacrifício de pessoas negras, desde sempre relegadas à própria sorte, pretende superar mazelas sem reconhecer e enfrentar o racismo estrutural que permeia a maioria de seus problemas crônicos.

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