Atila Iamarino

Doutor em ciências pela USP, fez pesquisa na Universidade de Yale. É divulgador científico no YouTube em seu canal pessoal e no Nerdologia

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Atila Iamarino

Boas notícias sobre as novas vacinas contra a Covid

Novidades vêm de EUA e China; no Brasil, nosso desafio ainda é convencer as pessoas a se imunizarem

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Temos notícias animadoras para continuar diminuindo o impacto da Covid com vacinas. As duas fabricantes de vacinas de RNA receberam nos EUA a autorização para distribuírem milhões de doses de novas versões bivalentes das suas. Aqui no Brasil, a Anvisa analisa o pedido de uma delas. Ambas representam um passo importante na manutenção da nossa imunidade.

A queda de imunidade que acontece com o tempo, principalmente entre idosos, é sanada pela dose de reforço. Mas o acúmulo implacável de mutações no coronavírus faz com que nosso sistema imune, de vacinados e curados, fique defasado. Como as vacinas disponíveis foram desenvolvidas com o vírus original lá de Wuhan no começo de 2020, essa defasagem já tem mais de dois anos. A solução é repetir o que fazemos com a influenza —vírus da gripe.

As vacinas da gripe são tetravalentes, pois combinam quatro linhagens de influenza, que acumularam mutações por décadas. O coronavírus acumulou diferenças que justificam uma abordagem parecida em poucos anos. Isso torna o ciclo de renovação das vacinas da Covid mais urgente. Tanto que as vacinas de RNA tiveram condições de lançar versões atualizadas. A simplicidade desse tipo de vacina, que só carrega a informação (RNA) para nosso corpo fazer a proteína spike do vírus, que desperta a imunidade com maior potencial de impedir o vírus de infectar nossas células, torna o processo de atualização muito mais prático.

Vacinação contra a Covid em São Paulo - Rivaldo Gomes - 22.jun.2022/Folhapress

As vacinas bivalentes da Covid têm informação para fazer duas proteínas spike. Uma vem do coronavírus de 2020, como em outras vacinas. Já a outra spike vem da linhagem BA.5 da variante ômicron, detectada em abril de 2022. Esse é o grande trunfo, as duas são as primeiras vacinas a incluírem uma atualização com a variante que tem dominado as infecções no mundo.

No caso do vírus da gripe, assim que novas variantes importantes são identificadas, a imunidade produzida por novas vacinas candidatas é testada em camundongos. A spike da linhagem BA.5 da vacina bivalente foi testada assim e despertou uma imunidade melhor do que a linhagem original do vírus ou as primeiras variantes ômicron de novembro de 2021. Não é uma transposição direta do que veremos em humanos, mas é um modelo muito mais ágil do que esperar a performance delas.

Os primeiros testes em humanos com vacinas atualizadas para a variante ômicron foram feitos com a linhagem BA.1, mas só deram resultado quando a BA.1 já havia sido substituída pela BA.5. E se ela demorasse agora, só saberíamos dos resultados quando ela não fosse mais tão essencial. Por isso, cada mês salvo no desenvolvimento é fundamental. Só teremos os resultados da efetividade —a eficácia das vacinas no mundo real— ao longo dos próximos meses, quando novas variantes já devem causar novas ondas.

Do outro lado do mundo, na China, outra boa notícia: foi aprovada a primeira vacina contra a Covid que é inalada, em vez de precisar de agulha. Aplicada como dose de reforço, ela despertou mais anticorpos nos voluntários humanos do que uma terceira dose da vacina inativada injetável (como a Coronavac). A combinação dessas duas tecnologias, uma vacina de RNA atualizada inalável, seria a solução com o maior potencial de barrar o vírus com base na imunização. Especialmente os idosos e quem tem condições como o comprometimento do sistema imune vão se beneficiar da vacina bivalente.

Aqui no Brasil nosso desafio ainda é outro. Convencer as pessoas a tomarem as vacinas já disponíveis, das doses de reforço da Covid às vacinas tradicionais. E convencer o ministro da Saúde a comprar doses suficientes para a vacinação infantil contra a Covid.

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