Becky S. Korich

Advogada, escritora e dramaturga, é autora de 'Caos e Amor'

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Becky S. Korich
Descrição de chapéu Barbie

Barbie e Oppenheimer juntos: não existe Missão Impossível no cinema

A Jogada de Mestre dos estúdios Paramount e Warner

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"Barbie no mundo real? Isso é impossível", diz a personagem Gloria no filme BARBIE. "Isso é impossível" diz o herói de OPPENHEIMER, quando descobre que cientistas alemães dividiram o átomo.

Não. Não existe nenhuma MISSÃO IMPOSSÍVEL para o cinema. A sessão dupla mais improvável aconteceu semana passada, na estreia dos dois filmes no mesmo dia. Foi uma JOGADA DE MESTRE dos estúdios Paramount e Warner. A questão era "quando", e não "se", assistir a essas HISTÓRIAS CRUZADAS.

Foi uma CONDUTA DE RISCO, que poderia ofuscar um dos dois filmes, mas deu MATCH POINT: rendeu um CASAMENTO ÀS CEGAS e cinemas lotados, enquanto HOLLYWOODLAND está de greve.

Memes que brincam com as estréias de "Barbie" e "Oppenheimer" viralizam nas redes sociais
Memes que brincam com as estreias de "Barbie" e "Oppenheimer" viralizam nas redes sociais - Reprodução/Redes Sociais

O DILEMA DAS REDES: qual assistir antes? Os mais impressionáveis preferiram assistir primeiro "Oppenheimer" e depois "Barbie". Os amantes da ciência inverteram a ordem. Os mais românticos optaram pela DOSE DUPLA e cumpriram a sessão dobrada assistindo duas vezes Barbie. Todos all-in, de rosa choque dos pés à cabeça; no estômago, acarajé e coxinha cor-de-rosa. Foi a maior bilheteria desde a Covid, depois que o PARASITA nos fez viver O FEITIÇO DO TEMPO e acordar dois anos no mesmo dia e hora. Como sempre encontramos UMA SAÍDA DE MESTRE para sobreviver culturalmente e compensamos a falta do ESCURINHO DO CINEMA com séries. Elas até valeram como CORINGA, mas nada substitui a experiência coletiva sem igual do CINEMA PARADISO.

Quem esperava ver A PATRICINHA DE BEVERLY HILLS encarnada numa boneca se desapontou. O mundo cor-de-rosa é interceptado por um sorriso amarelo de uma Barbie deprimida e questionadora. A BELEZA INTERROMPIDA por questionamentos mais filosóficos. No meio de uma crise existencial, Barbie tem duas opções: permanecer na superfície plastificada do seu corpo ou viajar para o mundo real e viver A PELE QUE a HABITA —quase um DÉJÀ VU da sua coleguinha A PEQUENA SEREIA.

Por outro lado, quem esperava ver em Oppenheimer RELATOS SELVAGENS de um MALVADO FAVORITO encarnado no pai da bomba atômica, viu na tela um lado humano e até ingênuo de uma MENTE BRILHANTE. Os cientistas que fizeram parte do estudo, alguns vencedores do Prêmio Nobel, eram OS VINGADORES dos BASTARDOS INGLÓRIOS do regime nazista. Mas será que se o Opp, como o físico era chamado pelos BONS COMPANHEIROS, fizesse uma viagem DE VOLTA PARA O FUTURO e entendesse que sua criação mudaria o mundo, teria prosseguido com o seu intento? Ou, se não fosse ele, outros chegariam CLOSER – PERTO DEMAIS de um invento ainda pior? Mistério que nem SHERLOCK HOLMES conseguiria decifrar. Assim são as COISAS DA VIDA, como ensina O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON: "a vida só pode ser compreendida olhando para trás, mas só pode ser vivida olhando para frente".

Apesar da BELEZA AMERICANA e loira (e magra) da protagonista de Barbie –a estonteante LINDA MULHER Margot Robbie—, o filme trabalha com a diversidade e faz questão de lembrar isso várias vezes para os espectadores, esbarrando em alguns clichês. Contudo, sabemos, que aqui fora não dá para brincar de A VIDA É BELA: toda pessoa fora dos padrões é vista como UMA ESTRANHA ENTRE NÓS. Já OS HOMENS QUE AMAVAM MULHERES, coitados, são retratados no filme com um só estereótipo: O IDIOTA. Rasos, pouco inteligentes, puxa-sacos, superficiais, acessórios.

Apesar dos ENCONTROS E DESENCONTROS, Barbie representa a complexidade feminina, que não se resume apenas em unhas e HAIR; e Oppenheimer representa uma sociedade indiscutivelmente patriarcal, mas com uma certa beleza, provando que OS BRUTOS TAMBÉM AMAM (título mal traduzido do original SHANE). Aliás, palmas para a tradução do nome de ambos os filmes que, finalmente, foi acertada, provando que O SEGREDO é só não inventar.

Com ELEMENTOS tão distintos, "Barbie" e "Oppenheimer" nos mostram como, nas profundezas das realidades mais sombrias, nunca deixamos de tropeçar em fantasias.

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