Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Impasse na Venezuela vai ficar cada vez pior, diz Mourão

'É um castelo de cartas. Quando puxar a carta correta, esse castelo vai desabar', afirma vice-presidente

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Brasília

A ausência de canais internacionais de contato com o regime Nicolás Maduro e com os militares da Venezuela dificulta a resolução da crise com o país, segundo o vice-presidente Hamilton Mourão.

O general da reserva, que assumiu protagonismo nas negociações com o grupo que faz pressão pela queda do ditador venezuelano, disse à coluna que o impasse na região deve se aprofundar.

"Isso aí é um castelo de cartas. Tem que puxar a carta correta. Quando puxar aquela carta, esse castelo vai desabar", afirmou o vice-presidente à Folha.

Vice-presidente brasileiro Hamilton Mourão na reunião do Grupo de Lima, na Colômbia - Luisa Gonzalez - 25.2.2019 / Reuters

As palavras de Mourão indicam o nível de complexidade que o governo brasileiro atribui ao cerco internacional contra Maduro. O general brasileiro disse que a ameaça feita pelo líder da Venezuela ao opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino, é um ingrediente complicador.

"Se eles tomarem alguma atitude violenta em relação ao Guaidó, a coisa fica complicada", declarou. "A declaração do Grupo de Lima deixa claro que se o Maduro prender o Guaidó, aí o protesto será mais veemente."

Mourão ressaltou que esse protesto dos países envolvidos nas articulações internacionais "é mais gritaria do que ação", reforçando sua posição contrária a qualquer intervenção militar na Venezuela. A afirmação também aponta que a pressão econômica sobre o regime de Maduro tem limitações.

"Na realidade, o Maduro sobrevive porque ele tem dinheiro próprio. O pessoal tem os dólares na mão, mas o resto da população está vivendo uma situação muito complicada —a não ser quem pertence ao grupo", disse.

Guaidó deve chegar ao Brasil na noite desta quarta-feira (27) para um encontro com o presidente Jair Bolsonaro. Mourão não acredita que a recepção do opositor de Maduro possa prejudicar a posição do Brasil nas tentativas de negociação com Caracas.

O vice-presidente brasileiro defende que a OEA (Organização dos Estados Americanos) seja esse canal de conversação com o regime venezuelano.

"É uma situação complicada, aquilo ali. Não é algo que se resolva num estalar de dedos. Tem que abrir algum canal, com Maduro, com as Forças Armadas. Algum canal tinha que ser aberto", afirmou.

Segundo Mourão, o governo venezuelano aparelhou seu sistema de inteligência e segurança com cerca de 20 mil cubanos. São eles que, segundo informações repassadas aos brasileiros, comandam as milícias alinhadas ao chavismo.

O vice-presidente disse ainda que esses agentes ameaçam os integrantes das Forças Armadas venezuelanas e dificultam um rompimento dos militares com Maduro.

Mourão não quis comentar as divergências dentro do governo brasileiro sobre o apoio do país ao envio de ajuda humanitária à Venezuela. A ala militar do Palácio do Planalto via com ressalvas o envolvimento do país na ação, que acabou barrada e reprimida pela Venezuela.

"Foi uma decisão tomada pelo presidente, ouvindo presidentes do Supremo, do Senado e da Câmara. Foi uma decisão conjunta. A partir do momento em que é uma decisão conjunta, eu estou de acordo com ela", declarou.

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