Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro inventa mais um truque para aparelhar universidades

Governo usa coronavírus como pretexto para interferência que faz parte do projeto bolsonarista

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O governo inventou mais um truque para intervir nas universidades. Depois de tentar mudar a regra de escolha dos reitores na véspera do último Natal, agora Jair Bolsonaro aproveitou a pandemia do coronavírus para nomear interventores no comando dessas instituições.

O presidente publicou nesta quarta (10) uma medida provisória que proíbe consultas à comunidade acadêmica para a definição de reitores durante o período de emergência de saúde pública. A norma dá poder ao ministro Abraham Weintraub para definir sozinho os ocupantes temporários dos cargos que ficarem vagos.

A justificativa oficial é que a pandemia impede a realização presencial das votações que definem a lista tríplice enviada ao presidente. O governo decidiu resolver essa questão numa canetada, em vez de discutir métodos de votação digital.

Weintraub é o ministro que insistiu na realização das provas do Enem durante a crise do coronavírus, até que foi pressionado a adiar o exame. Antes disso, ele chegou a lançar uma campanha para dizer que os alunos sem aulas deveriam estudar por conta própria, pela internet.

No caso das universidades, a preocupação fajuta com a saúde se tornou pretexto para uma interferência direta, ainda que temporária. Com a alegação de que pretendem combater o que chamam de “doutrinação ideológica”, o presidente e seus auxiliares tentam ampliar o controle do governo sobre o ensino superior.

A intromissão na autonomia universitária é típica de governos que não sabem conviver com o pensamento crítico. A ditadura militar nomeou interventores para sufocar a oposição ao regime nos campi.

No Brasil de hoje, desculpas esfarrapadas tentam camuflar um aparelhamento escancarado em diversas instituições. Quando buscava um novo procurador-geral, no ano passado, Bolsonaro afirmava que nomearia alguém identificado ideologicamente com o governo e que pudesse facilitar obras de infraestrutura. Augusto Aras ainda não ficou famoso por destravar nenhuma ferrovia.

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