Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Por que o 'gabinete paralelo' é uma peça-chave da CPI da Covid?

Sob orientação do grupo, presidente desenvolveu política de propagação intencional do coronavírus

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Na CPI da Covid, os senadores e depoentes falaram 45 vezes na existência de um "gabinete paralelo" que orientava Jair Bolsonaro na pandemia. Outras 41 referências foram feitas a variantes como "aconselhamento paralelo", "estrutura paralela", "comando paralelo" ou, nas palavras do relator Renan Calheiros (MDB), "ministério da doença".

A comissão reuniu documentos e declarações que mostram que o presidente discutiu os passos do governo com médicos e leigos sem ligação com o Ministério da Saúde. Pode parecer uma bobagem que rendeu só frases de efeito e organogramas em PowerPoint, mas os relatos têm papel relevante na investigação.

A CPI quer mostrar que Bolsonaro desenvolveu, sob orientação desses conselheiros, uma política de propagação intencional do coronavírus. A sabotagem a medidas de restrição, a recusa de vacinas e o investimento na cloroquina não foram simplesmente escolhas erradas de um presidente descuidado, mas um caminho traçado por esse gabinete.

Essa visão reforça o dolo de Bolsonaro na pandemia. Para evitar prejuízos para o governo, o presidente estimulou os brasileiros a circularem normalmente, sob a ilusão de que estariam protegidos por estoques de cloroquina. A ideia era atingir uma imunidade natural, sem vacinação. O resultado foi a aceleração do contágio e o aumento das mortes.

A imagem do "gabinete paralelo" dá um peso adicional à história. Para senadores da comissão, o presidente escolheu se reunir com um grupo que pudesse dar aparência pretensamente técnica a essas escolhas, ignorando deliberadamente as vozes que diziam que aquilo tudo era maluquice –mesmo aquelas que estavam dentro do Ministério da Saúde.

O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), afirma que esse é um ponto central da investigação. "Eu sempre disse: o presidente não sonhou com tratamento precoce e imunização de rebanho. Alguém convenceu ele a fazer isso", declara. "Há um convencimento de que aquele grupo é responsável por crimes contra a vida."

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