O quadro consolidado da eleição dá peso na semana final de campanha até aos algarismos depois da vírgula. A decisão em primeiro turno ou a ida para o segundo vai depender de grandes números, como a abstenção, mas também de mudanças que podem ocorrer nos detalhes.
Os índices de comparecimento são uma preocupação para Lula e Jair Bolsonaro. O ex-presidente conta cada voto para vencer no próximo domingo (2). Já a campanha de Jair Bolsonaro teme que a chance de derrota desestimule a ida às urnas de parte de seus apoiadores.
Prever o impacto da abstenção sobre a votação de cada candidato é quase impossível. Poucos eleitores admitem a intenção de se ausentar, e outros só tomam a decisão em cima da hora. Uma maneira de buscar pistas sobre esse cenário é saber quem está com vontade de ir às urnas.
O Datafolha fez essa pergunta e apontou que quase 90% dos apoiadores de Lula e Bolsonaro têm ao menos um pouco de vontade de votar. Entre os eleitores de Ciro Gomes, 34% não têm "nenhuma vontade" de ir às urnas. No eleitorado de Simone Tebet, falta vontade a 40%.
Os números sugerem um engajamento equivalente de apoiadores de Lula e Bolsonaro, o que reduziria as chances de desequilíbrio nos comparecimentos de cada lado. Mas o petista chega à semana final assombrado por um histórico de abstenção maior na população de baixa renda —alinhada ao PT.
Já o baixo compromisso de eleitores de Ciro e Simone pode ser favorável ao ex-presidente. Se parte não aparecer para votar, o número de votos válidos de que Lula precisa para vencer no primeiro turno fica menor. Esse grupo também pode ajudá-lo se aderir ao voto útil.
A indefinição do cenário do próximo domingo fez com que até os mínimos movimentos em subgrupos do eleitorado sejam tratados como decisivos. A chave do resultado pode estar no cálculo da abstenção ou em cada decimal dos chamados eleitores envergonhados, que não aparecem nas pesquisas.
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