Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bolsonaro aciona gatilhos para manter eleitor atento na reta final da campanha

Presidente usa insinuação golpista para agitar militantes e sustentar imagem de candidato competitivo

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Jair Bolsonaro acordou neste 7 de Setembro com um golpe de Estado na cabeça. Ainda no café da manhã, o presidente tentou agitar seus apoiadores com uma lista de "momentos difíceis" do passado. Citou revoltas, o impeachment de 2016, a eleição de 2018 e também o ano de 1964, que inaugurou a ditadura militar. "A história pode se repetir", emendou.

Não era um alerta, era uma promessa. Bolsonaro incorporou insinuações de ruptura à plataforma de sua campanha. Depois de cultivar ameaças de atropelar as regras e ampliar seus poderes, o presidente pediu um segundo mandato para fazer exatamente isso, à moda de outros autocratas contemporâneos.

Mensagens desse tipo se tornaram um ativo eleitoral importante para Bolsonaro. Elas servem para reforçar o figurino de adversário do sistema político e, principalmente, manter seus apoiadores mobilizados num momento em que sua chance de vencer no voto não é das maiores.

Os atos organizados pelo presidente cumpriram essa função. Bolsonaro explorou um ambiente de enfrentamento com a esquerda e o STF para levar uma quantidade considerável de gente às ruas.

Em Brasília e no Rio, o político que lança suspeitas sobre as urnas eletrônicas organizou comícios com dinheiro público para pedir votos. Nos dois discursos, ele fez uma referência a ministros dos tribunais, repetiu a acusação de que eles agem fora dos limites da Constituição e disse que, se for reeleito, pretende fazer uma jogada para enquadrá-los.

Dada a dimensão conhecida do bolsonarismo no país, as imagens do 7 de Setembro podem não impressionar, mas ajudam o presidente a sustentar a impressão de que é um candidato competitivo. Com isso, ele mantém um público atento às mensagens que pretende disparar na reta final da campanha.

Além das insinuações golpistas para os mais radicais, Bolsonaro quer puxar gatilhos do discurso conservador e contra o PT. A equipe do presidente acredita que essa é a chave para recuperar votos perdidos de 2018.

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