Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Marina e Tebet usam peso político ao equilibrar diferenças com Lula

Presidente aproveita ministras como ativos, mas poderia evitar trombadas requentadas

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Lula submeteu Simone Tebet e Marina Silva a um novo par de testes. Primeiro, o presidente declarou que a ministra do Planejamento sabia "há muito tempo" que Márcio Pochmann comandaria o IBGE. Dias depois, o petista avisou que o veto do Ibama à extração de petróleo na Foz do Amazonas pode ser revisto.

O diploma de vencedor da eleição dá muitos poderes a um presidente. É dele a autoridade para escolher quem vai ocupar cargos e definir ações do governo. Nessas tarefas, o chefe fatalmente vai contrariar alguns ministros, mas requentar trombadas com auxiliares costuma ser uma opção pouco produtiva.

Tebet tentava sinalizar que o atropelo que sofreu com a confirmação de Pochmann no IBGE era página virada. A certa altura, disse que acataria qualquer decisão de Lula e que, até o anúncio feito pelo Planalto, nem sabia que o economista havia sido escolhido pelo presidente.

Não era bem assim, mas a ministra tentou marcar posição. Tebet sabia que Pochmann era o nome de Lula, mas quis deixar claro que a escolha era só do chefe e que ela não havia participado do processo. O petista fez questão de contestar essa versão.

Lula ao lado de Simone Tebet e Marina Silva durante caminhada com o povo em Teófilo Otoni, Minas Gerais
Marina Silva, Lula e Simone Tebet durante ato de campanha em Minas Gerais, no segundo turno da eleição presidencial de 2022 - Ricardo Stuckert/Divulgação

Com Marina, o presidente tirou da geladeira um embate sobre os planos da Petrobras na chamada margem equatorial. Em maio, a ministra avisou que a decisão do Ibama contra a perfuração não seria revertida. Na última quinta (3), porém, Lula disse que os estados da região amazônica "podem continuar sonhando".

A diferença de pensamentos com Lula é um dos principais ativos políticos que Marina e Tebet levaram para o governo. Abandonar o barco por causa daquelas duas divergências específicas, além de uma especulação tola, seria uma contradição.

As duas reconhecem o peso simbólico que têm para implantar compromissos que destoam do núcleo da plataforma petista. Sabem, ainda, que todo ministro tem planos, mas quem manda é o chefe. Lula, por sua vez, também deveria saber que, nesses casos, não precisa falar mais alto que nenhum subordinado.

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