Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Folhajus

Lula faz tabelinha e reconhece Gilmar e Moraes como negociadores preferenciais

Petista passeia fora de seu campo político para buscar acordos que dariam estabilidade ao governo

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Lula fez uma tabelinha com Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes para definir suas indicações ao STF e à PGR. A jogada importa menos pelo envolvimento político da corte na articulação e mais pelos personagens que o petista reconheceu como negociadores preferenciais no tribunal.

Gilmar e Moraes foram nomeados por adversários do PT. Nenhum dos dois fazia questão de disfarçar suas críticas ao partido ou convicções que estavam distantes da esquerda.

Se buscasse impor uma marca ideológica, Lula não teria aceitado a sugestão da dupla para emplacar o conservador Paulo Gonet na chefia da PGR. Também não teria costurado uma aliança entre os dois e Flávio Dino antes de indicá-lo para o STF.

Ainda que o Supremo delibere sobre marco temporal, aborto e drogas, Lula não vê o tribunal com preocupação na seara ideológica —e essa não parece ser exatamente uma prioridade para o petista. A relação do presidente com a corte se dá a partir dos acordos políticos que podem garantir estabilidade ao governo.

Os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes em sessão do tribunal - Pedro Ladeira/Folhapress

A aproximação entre Lula, Gilmar e Moraes se deve em boa parte ao bolsonarismo. Os últimos anos redefiniram o alinhamento dos integrantes do STF e fabricaram uma coesão movida pela autopreservação dos poderes do tribunal.

Também contou o peso que os dois ministros acumulam no jogo de influências da corte. Eles lideram articulações internas nos grandes e pequenos julgamentos, além de exercer autoridade fora do STF, como nas indicações para cargos relevantes.

Seis das onze cadeiras do tribunal são ocupadas por ministros nomeados em governos petistas. Dino, se aprovado, será o sétimo. Mas Lula entende que essa maioria não vale tanto quanto a ajuda que pode ser fornecida pelos estrangeiros Gilmar e Moraes (com a expectativa de que Dino se junte a eles nessa missão).

O petista tem o costume de passear fora de seu campo político quando enxerga benefícios. Ele já se aliou a José Sarney, engoliu a seco um acordo com Arthur Lira e indicou para o STF o conservador Cristiano Zanin.

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