Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Sergio Moro vira item recorrente de cardápio bolsonarista

Ameaçado por um novo isolamento político, senador pode se sentir tentado a pedir abrigo mais uma vez aos canibais

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O bolsonarismo é uma espécie que costuma celebrar rituais periódicos de canibalismo. Seus integrantes vivem em guerra com rivais declarados, mas demonstram um prazer especial quando devoram um de seus pares. Muitos veem esses momentos como exibições de força e exercícios necessários de depuração.

Quando se juntou ao bando, Sergio Moro fingiu não saber onde entrava. O ex-juiz prestou serviços a Jair Bolsonaro até que foi punido como traidor, após acusar o então presidente de interferir na Polícia Federal. Em busca de sobrevivência, reintegrou-se ao grupo e passou a ajudar o homem que havia denunciado.

O ex-juiz aceitou ser enganado pelas próprias ambições. Aliados de Bolsonaro sempre consideraram Moro uma ameaça num campo que exige dedicação a uma única figura. Ele nunca recebeu do bolsonarismo a sustentação política que gostaria de ter e ainda se tornou um item recorrente de seu cardápio.

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Sergio Moro cumprimenta Flávio Dino durante sabatina do Senado - Gabriela Biló/Folhapress

Moro voltou a ser tratado como inimigo com a aprovação de Flávio Dino para o STF. O ex-juiz foi acusado de oferecer ao futuro ministro alguma civilidade e de votar a favor da nomeação de um comunista. Fez parte do episódio uma constrangedora troca de mensagens com um assessor e um aliado para tentar conter os efeitos da investida bolsonarista.

O senador se mostrou incomodado ainda durante a sabatina. Reclamou do fato de "um gesto simples" —um cumprimento cordial— ter se tornado "uma celeuma nas redes sociais". Vale lembrar que, no passado, Moro não reclamou quando a brutalidade dessas mesmas redes ajudou a envernizá-lo como herói.

Depois de horas de silêncio, o senador apareceu (nas redes) para uma explicação que prorrogou o embaraço. Defendeu (corretamente) o sigilo de seu voto e sugeriu que os ataques têm relação com o desejo de tomar seu mandato, em risco por uma ação de abuso de poder econômico no TRE do Paraná. Ameaçado por um novo isolamento político, ele pode se sentir tentado a pedir abrigo mais uma vez aos canibais.

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