Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Descrição de chapéu Governo Lula Banco Central

Lula calibra o megafone e tenta fugir de novas tensões

Efeito negativo de declarações polêmicas costuma ser superestimado, mas presidente prefere medir palavras em café com jornalistas

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Brasília

O megafone de um presidente é uma das ferramentas mais poderosas da política. Um governante habilidoso talvez consiga incluir na ordem do dia qualquer assunto que considere importante. Às vezes, ele aproveita para distrair o eleitor ou lançar fumaça sobre um tema inconveniente. Quando fala o que não deve, o dano também pode ser grande.

Lula ensaiou uma calibragem na conversa desta terça (23) com jornalistas. Depois de reclamar de reportagens que reproduzem suas declarações, o presidente tentou fugir de bolas divididas e evitou dar combustível para disputas políticas. "É preciso que a gente pense o que vai falar, porque tudo o que você falar pode virar uma manchete", refletiu.

O contraste ficou claro quando Lula se referiu a dois desafetos. O primeiro foi o chefe do Banco Central. Roberto Campos Neto perdeu a alcunha de "esse cidadão", e a política de juros recebeu uma crítica suave para os padrões do petista. O presidente recorreu apenas a uma ironia leve ao insinuar que conta os meses para a troca de comando do BC.

O presidente Lula (PT) em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto - Gabriela Biló/Folhapress

O petista também recolheu as armas quando surgiu o assunto Lava Jato. Lula, que no ano passado confessou seu desejo de uma vendeta contra Sergio Moro, agora se recusou a comentar o processo de cassação do ex-juiz ou as ações contra magistrados no Conselho Nacional de Justiça, "para ninguém dizer que eu estou querendo fazer interferência".

O cálculo de Lula envolveu ainda panos quentes numa disputa com um Congresso permanentemente indócil. O petista fingiu que só tinha motivos para agradecer aos parlamentares e fez pouco-caso da derrubada iminente de seus vetos. Para completar o jogo, não quis pronunciar o nome de Jair Bolsonaro ou agitar o fantasma do ex-presidente.

O efeito negativo de declarações polêmicas de Lula costuma ser superestimado. Ainda assim, auxiliares do presidente acreditam que a repercussão de alguns desses episódios tiveram peso sobre sua queda de popularidade em determinados nichos do eleitorado.

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